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GUERRAS FUTURAS

ESPECIAIS/VE AS GUERRAS NA FC

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data03/10/2022
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O subgênero da FC conhecido como “guerras futuras” começou a se desenvolver ainda no século 19.

Obviamente, para que as histórias de guerras na ficção científica existam é fundamental que o conceito básico seja o de que, qualquer que seja o futuro retratado, e por mais que a ciência e tecnologia tenham avançado nesse futuro, a natureza humana permanecerá a mesma, ou pelo menos consideravelmente próxima à atual.
Quem acompanhou a recente série de tv The Expanse (2015-2022), baseada nas histórias de James A. Corey, pode ter uma boa ideia dessa situação. Apesar de todo o sistema solar já ter sido devidamente colonizado e a tecnologia existente permitir viagens relativamente rápidas, a natureza humana não mudou absolutamente nada. Continuam as intrigas políticas e as brigas e guerras por territórios e pelo poder, o preconceito e o ódio, a desconfiança generalizada e, mais uma vez, a raça humana ameaçada de extinguir-se.

Capa da edição de 1871 (William Blackwood & Sons).

A maioria dos pesquisadores e críticos da fc situam o início das histórias de guerra futura na publicação de The Battle of Dorking, em 1871, obra de George Tomkyns Chesney, político e então tenente-coronel do exército britânico, frequentemente citada entre os precursores da ficção científica. A base da história é a invasão da Grã-Bretanha por forças alemãs logo após uma guerra similar à real Guerra Franco-Prussiana (1870-71). A Marinha Real Britânica é destruída por uma nova arma letal, e a Inglaterra é invadida e dominada.
Ao situar a obra historicamente, Brian Stableford lembra que o Império Germânico consolidou-se ao final da Guerra Franco-Prussiana, e a força e o poder de fogo do exército alemão inspirou uma campanha para a reforma e o rearmamento urgente do exército britânico. Assim, o livro de Chesney surgiu como uma dramatização do tema, uma história que Stableford definiu como sendo um “drama-documentário”, mostrando a facilidade com que um exército invasor alemão poderia chegar a Londres.
“Causou uma sensação”, diz Stableford, “e iniciou um debate que continuou até que a própria Primeira Guerra Mundial começasse. Um novo subgênero de ficção tinha sido inaugurado, e as histórias de guerra futura estavam estabelecidas como uma variedade de romance popular”.
Adam Roberts, que entende o apelo popular e a importância da obra, também vê seus aspectos negativos, dizendo que “Em Essência, seu interesse era simples: uma narrativa um tanto branda em primeira pessoa mesclada a um irritante e intimidador militarismo conservador”. Roberts cita o livro do acadêmico I.F. Clarke (The Tale of the Next Great War 1871-1914, 1995) no qual o autor diz que a história “(...) foi o começo de uma grande torrente de histórias de guerras futuras que se prolongou até o verão de 1914”. Clarke também documentou o desenvolvimento posterior do gênero em Voices Prophesying War, 1763-1984 (1966), apresentando inúmeras histórias do gênero. Roberts diz que se poderia citar mais de 60 histórias desse tipo.

                                                                                                                  Capa da edição de 1914 ( Grant Richards).

Os escritores e críticos Alexei e Cory Panshin, em seu livro The World Beyond the Hill: Science Fiction and the Quest for Transcendence (1989), disseram que o livro de Chesney é mais lembrado “(...) não devido a qualquer mérito em particular que tenha como ficção, mas porque foi o primeiro em um gênero especial de histórias de guerra da ficção científica”. Eles disseram que em sua “ciência além da ciência”, o livro de Chesney não é muito mais imaginativo do que uma história de Júlio Verne, e sua importância para a fc foi criar um novo local imaginário – o futuro – que estava ausente da esfera de atuação da protoficção científica romântica que, segundo os autores, nunca foi uma literatura futurista, mas era situada no presente ou no passado recente. “O ‘futuro’ era um conceito que pertencia a uma forma de literatura imaginativa bem diferente, a história utópica. Se a ficção científica tem sido a expressão mítica da cultura tecnológica materialista ocidental pós 1870, então pode-se dizer que a literatura utópica foi o mitos do estágio imediatamente anterior da civilização ocidental – o período em que o mundo ocidental moderno foi concebido e trazido à existência. Em vez de ser um mito de ciência e do vasto desconhecido, a literatura utópica era um mito de racionalidade e da Sociedade Perfeita”.
Dessa forma, segundo Alexei e Cory Panshin, The Battle of Dorking deve ser visto como um exemplo da nova e impositiva história de ficção científica intrometendo-se no território imaginativo da literatura utópica. No livro, o progresso social não é o valor mais elevado, mas a mudança social – com o colapso do comércio britânico e a perda de suas colônias – é vista como resultado do avanço tecnológico, o que é uma reversão de todos os valores utópicos anteriores.
O crítico Jess Nevins (em The Encyclopedia of Fantastic Victoriana, 2005) diz que o leitor moderno que lê pela primeira vez a obra de Chesney vai se surpreender com o tanto que ela parece moderna, apesar de um discurso um tanto antiquado e uma análise política rasteira, “(...) mas a narração dos eventos, o avanço para a guerra e a batalha em si equivalem em realismo a A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells”.

Como já foi dito, inúmeras obras surgiram no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, às vezes seguindo a linha proposta por Chesney, outras vezes caminhando em outra direção, apresentando conceitos mais nacionalistas e vitoriosos, em particular para a Inglaterra. Segundo Brian Stableford, “Muitos produtos desse excesso de ficção nacionalista exacerbada abraçaram entusiasticamente o mito da guerra para acabar com a guerra – como delineado em The Final War (1896), de Louis Tracy – e a popularidade desse tipo de ficção ajudou a gerar grande entusiasmo que os britânicos carregaram para a guerra verdadeira contra a Alemanha, quando ela finalmente chegou”.

Ilustração de F. T. Jane para o livro The Angel of Revolution (1893).

Um dos livros populares da época foi The Angel of Revolution: A Tale of the Coming Terror (1893), de George Griffith. Stableford lembra que as aeronaves e submarinos eram, de longe, as inovações mais populares na ficção de guerras futuras, e foram exibidas em abundância por George Griffith, “(...) o mais extravagante dos escritores do subgênero”. E não apenas nesse livro, mas em sua sequência, Olga Romanoff (1894).
O primeiro foi publicado originalmente no periódico britânico Pearson’s Weekly, e a história inicia-se em 1903 com o desenvolvimento do aeroplano e dos “torpedos aéreos”, que passam a ser utilizados por um grupo revolucionário composto por anarquistas, niilistas e socialistas – uma mistura bem estranha, para falar a verdade – chamado Brotherhood of Freedom, a Irmandade da Liberdade. Essa organização, cujo líder se chama Natas (ou Satan, lido ao contrário), invade e domina a Europa, impondo reformas socialistas mundiais – ou, como dito em The Visual Encyclopedia of Science Fiction, um “despotismo benevolente”.
John Clute e John Eggeling (em The Science Fiction Encyclopedia), dizem que o líder Natas “(…) é uma intensificação vulgarizada do tema do anti-herói byroniano que foi tornado popular anteriormente por Júlio Verne com sua criação do Capitão Nemo”.

 

 

Abaixo, ilustrações de F. T. Jane no livro The Angel of Revolution, mostrando a aeronave Ariel em batalha.

Ilustrações de F.T. Jane para Olga Romanoff.

A sequência foi igualmente publicada no Pearson’s Weekly, com o título The Syren of the Skies, e posteriormente com o título Olga Romanoff. A história situa-se após um período de paz no planeta, forçada pela revolução anterior, e tem como figura central Olga Romanoff, uma mulher que possui um conhecimento oculto de hipnotismo e inicia uma revolta que transforma a sociedade em caos, com a ajuda do Islã, derrotado no livro anterior. No entanto, a guerra que ela inicia contra os membros da Irmandade, que agora são conhecidos como aerians, é interrompida pela passagem de um cometa que envenena todo o planeta e mata Olga. Como os aerians tinham se escondido nos subterrâneos da Terra, acabam herdando todo o planeta.
Segundo John Clute e John Eggeling, os dois livros são exemplos extraordinários, ainda que exagerados, da narrativa de guerra futura. “Além de suas previsões no que diz respeito a táticas de batalhas aéreas e por sua antecipação do radar, sonar e armas nucleares, eles incluem elementos que apenas mais tarde iriam se tornar comuns, particularmente a luta de cartéis internacionais para a dominação mundial e as visões apocalípticas do Armagedon na Terra e desastres vindos dos céus por um cometa”.

The Riddle of the Sands (Atlantic Books, 2016); The Invasion of 1910 (Macmillan of Canada, 1906).

Outras obras que tiveram sua influência no gênero foram The Riddle of the Sands (1903), de Erskine Childers, e The Invasion of 1910: with a Full Account of the Siege of London (1906), de Wiliam Le Queux. O primeiro teve imenso sucesso e também é tido como um dos mais influentes nas histórias envolvendo espionagem. Segundo Adam Roberts, o livro trata “(...) de modo empolgante, da descoberta de planos secretos de uma invasão alemã”. A história ainda foi transformada em um filme não muito bem recebido, O Enigma das Areias (The Riddle of the Sands, 1979).

The Great War in England in 1897 (Capa de T. S. C. Crowther. Tower Publishing Co., 1894).


William Le Queux já havia escrito uma história de invasão em 1894, The Great War in England in 1897, na qual forças da França e da Rússia tentam invadir a Grã-Bretanha, que resiste e ainda conta com a adesão da Alemanha para combater os invasores. Mas foi The Invasion of 1910 que atingiu o maior sucesso, contando com a colaboração do historiador naval Herbert Wrigley Wilson e, como o primeiro livro, publicado em fascículos no jornal de direita Daily Mail. Nessa história, a Alemanha é a grande inimiga, como seria em praticamente toda a produção subsequente do autor nessa linha.
Stableford disse que “A descoberta dos raios-x em 1895 encorajou os escritores a imaginar novas armas mais fantásticas”, como em The Lord of Labour (1911), também de George Griffith, publicada postumamente (ele faleceu em 1906), no qual a guerra futura é travada com mísseis atômicos e raios desintegradores. “Uma imaginação ambiciosa, mas razoavelmente disciplinada”, diz Stableford, “foi aplicada por H.G. Wells em The Land Ironclads (1903), em A Guerra no Ar (The War in the Air, 1908. No Brasil, pela Editora Carambaia) e na história de bomba atômica The World Set Free (1914)”.

Ilustração de 1904 para a história The Land Ironclads, de H.G. Wells, mostrando um dos encouraçados terrestres.

A primeira história, The Land Ironclads, é um conto, publicado originalmente na revista Strand e, entre outras coisas, descreve encouraçados terrestres com 30 metros de comprimento, levando atiradores, engenheiros e um capitão, e rifles semiautomáticos. O livro A Guerra no Ar usa bastante o conceito dos aeroplanos utilizados para a guerra; é uma obra que, segundo Adam Roberts, “(...) extrapola as então nascentes tecnologias de voo (...). Bert Smallways, um ‘homenzinho’ de baixa classe média, é o herói wellsiano. Ele é apanhado pelos eventos da guerra global travada nos céus. O livro termina de modo pessimista – essa nova e devastadora forma de guerra está trazendo um desastre mundial (...) –, mas é difícil nos importamos com esse apocalipse um tanto abstrato – uma estranha observação para fazer sobre um escritor que conseguiu captar (em A Máquina do Tempo) a tristeza manifestada de modo quase inexpressivo pelo simples fato de situar um homem solitário em uma praia repleta de criaturas que parecem caranguejos”.

Capa de A.C. Michael para The War in the Air (George Bell & Sons, 1908); capa de The World Set Free (E.P. Dutton, 1914); capa de Chris Achilleos (Corgi, 1976).

Em The World Set Free o autor apresenta a arma mais terrível e incontrolável já inventada pela humanidade. Adam Roberts explica que “(...) é outro conto de guerra futura que olha da perspectiva de 1970 para a guerra mundial de 1956. Armas atômicas trazem enorme devastação, mas em contraste com A Guerra no Ar a catástrofe final é evitada pela intervenção de uma elite de políticos de visão ampla”.


 

OUTRAS HISTÓRIAS DE GUERRAS FUTURAS

 


THE GREAT WAR SYNDICATE (1889)

Frank R. Stockton.

(Longmans, Green and Co., 1889).

Um dos primeiros livros de guerra futura escritos por um autor norte-americano. Como informa Brian Stableford, as histórias do gênero escritas nos EUA não foram tão prolíficas nem se tornaram tão pessimistas quanto as da Inglaterra, compreensivelmente, considerando a experiência muito diferente que os Estados Unidos tiveram na Primeira Guerra Mundial.
Stockton usava muito humor em suas histórias, o que ocorre também aqui, mostrando uma guerra futura entre a Grã-Bretanha e os EUA, “(...) deflagrada pela renovação da ira excepcionalista americana sobre a continuada existência do Canadá, e organizada por um consórcio de empresários americanos”. A guerra é resolvida quando o consórcio utiliza uma série de armamentos avançados, incluindo navios de guerra invulneráveis e um torpedo que se desloca na velocidade de uma bala de canhão, provocando a rendição da Inglaterra. Em The Visual Encyclopedia of Science Fiction, o texto afirma que a história apresenta um canhão capaz de desintegrar a matéria.


ARMAGEDDON: A TALE OF LOVE, WAR AND INVENTION (1898)

Stanley Waterloo.

Capa de W. W. Denslow (Rand McNally & Company, 1898).

Outro exemplo de história de guerra futura norte-americana, aqui mostrando os anglo-americanos obtendo a supremacia sobre o restante do planeta devido à utilização de aeronaves blindadas.

 


 

 


TOVÁRNA NA ABSOLUTNO (1922)

Karel Capek.

Capa de Josef Capek para a primeira edição (Polygrafie, 1922).

Capek é mais conhecido por seus livros A Guerra das Salamandras e RUR: Robôs Universais de Rossum, e aqui, segundo John Clute, como em grande parte de sua produção literária, a história segue a linha da sátira enganadoramente leve, “(...) contada em um formato em série, loquaz, cosmopolita e tipograficamente experimental explorado frequentemente no jornal Lidove Noviny, para o qual Capek escrevia regularmente”.
Conta a história de um cientista que inventou o “karburator”, uma fonte de energia atômica que produz energia quase de graça pelo processo de fissão atômica, mas que “(...) infelizmente, também libera a essência total de Deus, causando uma enxurrada de milagres e outros efeitos. No final das contas, ocorre uma guerra futura religiosa devastadora, porque todos contaminados por Deus obtêm o conhecimento absoluto da verdade, apesar de que, infelizmente, cada recipiente possui (como no mundo real) uma verdade diferente”.


THEODORE SAVAGE: A STORY OF THE PAST OR THE FUTURE (1922)

Cicely Hamilton.

Capa de Michael Lewy (HiLo Books, 2013).

A escritora, atriz e jornalista feminista Mary Cicely Hammill produziu essa obra de ficção científica, publicada com seu pseudônimo, mostrando uma guerra futura que, inicialmente, arrasa Londres, e posteriormente transforma-se em um holocausto generalizado. No pós-guerra, a população da Inglaterra deixa as cidades remanescentes e passam a viver em um estado de barbárie supersticiosa. Como informam John Clute e Sean Ficcazosp Noir (em The Encyclopedia of Science Fiction), uma edição revisada foi publicada em 1928 na qual é apresentado um Theodore Savage mais “selvagem”, cuja frieza cada vez maior com a mulher que ele ama enfatiza a visão distante e impassível característica do romance científico, “(...) fazendo alguma referência à utilização de gás na guerra e, eventualmente, comparando as ruínas de civilizações anteriores com as ruínas criadas em seu próprio tempo, e concluindo que a história humana do planeta é cíclica. O próprio Savage vive muitos anos em uma pequena vila repleta de selvagens que pensam que os artefatos anteriores ao colapso são obscenos, um clichê típico de muitos romances subsequentes sobre a Terra destruída”.


ARMAGEDDON 2419 A.D. (1928)

Philip Francis Nowlan.

Capa de Ed Emshwiller (Avalon Books, 1962); capa de Richard Clifton-Dey (Panther, 1976).

A história foi publicada originalmente na revista Amazing Stories, e teve uma sequência, The Airlords of Han, publicada na mesma revista em 1929. Ela foi importante na formação do que ficou conhecido como space opera – e foi publicada na edição de agosto de 1928, a mesma que publicou The Skylark of Space, de E.E. Smith, outra história fundamental na space opera. Talvez tenha ficado mais popularmente conhecida em sua adaptação para as HQ, com o título Buck Rogers no Século 23 (Buck Rogers in the 25th Century, 1929), com desenhos de Dick Calkins. Ainda teve uma adaptação para o cinema, com o seriado em 12 capítulos Buck Rogers (1939), e para a TV, com as séries Buck Rogers (1950), e Buck Rogers (1979-1981).
A história apresenta os Estados Unidos conquistados pelos Han, chineses, no ano 2.109, e no século 25 os americanos conseguem iniciar sua rebelião para libertar-se. O cenário apresentado é de que, após a Primeira Guerra Mundial, várias potências europeias uniram-se contra os EUA, que venceram a guerra, mas ambos ficaram arrasados pelos combates. Assim, os soviéticos uniram-se com os mongóis, mas os soviéticos foram derrotados pelos Han, que tinham planos de conquistar o planeta. Assim, em 2.109 eles atacaram os americanos usando aeronaves com raios desintegradores. Aos poucos, vivendo nas florestas, os americanos reconstroem sua civilização e desenvolvem tecnologias que permitem lutar por sua liberdade.
O personagem central é Anthony Rogers, nascido em 1898, veterano na Primeira Guerra Mundial que, em 1927, investigando um fenômeno estranho em uma mina abandonada, é exposto a um “gás radioativo” quando ocorre um desmoronamento, e é mantido em animação suspensa por quase 500 anos, sem que seu corpo sofra os efeitos do envelhecimento. Quando acorda, em 2.419, ele acaba se envolvendo na luta contra os Han.
John Clute e Lee Weinstein ressaltaram o fato de que a história e sua sequência “(...) ajudaram a inaugurar o reino da space opera interestelar adulta na ficção científica americana”. E, também, que “(...) Os quadrinhos popularizaram a ficção científica da mesma forma que Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas fariam décadas mais tarde”.


THE BLOODLESS WAR (1929)

David H. Keller.

Ilustração de Frank R. Paul (1929).

Conto publicado na revista Air Wonder Stories, editada por Hugo Gernsback que, segundo texto em The Visual Encyclopedia of SF, “(...) devotou-se inteiramente a voos de imaginação com respeito a possíveis – e não tão possíveis – desenvolvimentos aeronáuticos futuros, com consideração especial à guerra aérea”. Esse conto de Keller entra nessa lista, apresentando aeronaves robôs e uma invasão aos EUA em 1940, com milhares de bombardeiros sem pilotos sendo controlados por rádio a partir de uma nação sul-americana que, assim como o Japão, teria planos maléficos contra os americanos.

 


CITIES IN THE AIR (1929)

Edmond Hamilton.

Ilustração decapa de Frank R. Paul referente ao conto Cities in the Air (1929).

Outro conto da revista Air Wonder Stories, de Gernsback, apresentando um futuro em que a humanidade está vivendo em cidades aéreas sustentadas por alguma forma de antigravidade, de modo que não sofrem mais os perigos de terremotos e outras mudanças climáticas violentas. No entanto, inicia-se uma guerra entre a Federação Americana e uma aliança Euroasiática.
As cidades de Londres, Paris, Berlim, Moscou, Nova York e Pequim começam a bombardear umas às outras com “bombas de calor”, fazendo com elas caiam e sejam destruídas.


 

 

 

THE CRYSTAL RAY (1929)

Raymond Gallun.

Ilustração de S. Strother (1929).

Conto publicado na mesma edição da Air Wonder de Cities in the Air, e que apresenta uma tentativa de invasão da América por forças asiáticas, no ano 2.141. Os americanos utilizam o raio do título, com qualidades vibratórias intensificadas por ondas de rádio, capazes de penetrar metais e envenenar a corrente sanguínea dos inimigos.


 


MONSTERS OF MOYEN (1930)

Arthur J. Burks.

Ilustração de capa de H.W. Wesso referente ao conto Monsters of Moyen (1930).

Conto publicado na revista Astounding Stories of Super-Science, apresentando um ditador asiático que tenta conquistar o Ocidente atacando o continente americano em 1985. Fortalezas imensas que se movimentam surgem das profundezas do oceano, e de suas laterais saem “aero-subs” que destroem os inimigos com "raios dourados vibratórios”, mas os americanos inventam um “inibidor de vibração” que elimina as incríveis máquinas dos invasores.

 



THE GAS WAR OF 1940 (1931)

Stephen Southwold.

(Eric Partridge, Ltd., 1931).

O escritor produziu a maioria de suas obras com o pseudônimo Neil Bell, mas esse livro em particular foi originalmente publicado com o pseudônimo Miles e, posteriormente, publicado com o título Valiant Clay (1934), como Neil Bell.
Segundo Brian Stableford e John Clute, o livro – que tem o longo subtítulo A Novel: Being an Account of the World Catastrophe as Set Down by Raymond Denning, the First Dictator of Great Britain – é uma espécie de sequência iniciada com o primeiro livro de Neil, The Seventh Bowl (1930), com a utilização de uma tecnologia de imortalidade por políticos corruptos leva à Guerra do Gás de 1940 e, eventualmente, ao fim do mundo.



TOMORROW’S YESTERDAY (1932)

John Gloag.

(George Allen & Unwin, 1932).

Primeiro livro do autor e, segundo explicam John Clute e John Eggeling, fortemente influenciado por A Máquina do Tempo (The Time Machine, 1895), de H.G. Wells, e por Last and First Men (1930), de Olaf Stapledon.
É apresentado como uma crítica satírica à sociedade de sua época, a partir do ponto de vista da raça que nos sucedeu, pessoas-gato que conseguem viajar no tempo e observar o período entre 1932 e 1963, quando uma guerra terrível acabou com a civilização.

 


DAY OF WRATH (1936)

Joseph O’Neill.

(Gollancz, 1936).

Obra pouco conhecida de autor que, segundo John Clute, é um escritor a ser lembrado. Aqui, ele descreve a destruição da civilização em 1952, após uma guerra aérea devastadora realizada pela coalização entre Alemanha, Japão e China.