O livro de Stephen King começa como um romance policial. Envolvendo um crime bárbaro, é verdade, mas seguindo os procedimentos básicos de uma investigação policial que irá mudar a vida de muitas pessoas, em particular do policial Ralph Anderson, responsável pelas investigações e pela prisão do suspeito, até então um cidadão exemplar da sociedade na pequena cidade de Flint City. Tudo indica que ele é o criminoso; as provas são abundantes, inúmeras testemunhas. Até que novas provas, igualmente incontestáveis, indicam o contrário, e a vida dos envolvidos se transforma num terror, literalmente.
O policial Anderson, além de sofrer com uma ação precipitada ao prender o suspeito, precisa passar por uma transformação mental absoluta; de cético ferrenho, ele terá de começar a acreditar que o nosso mundo tem coisas – e pessoas, e eventos, e seres – muito mais estranhos do que ele poderia imaginar. Nesse processo ele conta com a ajuda de Holly Gibney, personagem que surgiu na trilogia de Stephen King centrada no detetive Bill Hodges – formada pelos livros Mr. Mercedes (Mr. Mercedes, 2014), Achados e Perdidos (Finders Keepers, 2015) e O Último Turno (End of Watch, 2016), também publicados pela Editora Suma.
King costuma reutilizar personagens ou situações de livros anteriores, de certa forma unindo seus universos, e aqui não é diferente. Além de Holly Gibney, também é citado o “ka”, um conceito presente na excepcional série A Torre Negra. E apesar de a palavra surgir rapidamente em um trecho de um diálogo, o fato de ter sido pronunciada pelo Forasteiro, o Outsider do título, abre inúmeras possibilidades de interpretação com relação à origem do Mal que se abate sobre os personagens, e que vaga por nosso mundo sabe-se lá desde quando.
A HBO produziu uma série baseada no livro, com excelente adaptação.
OUTSIDER (The Outsider, 2018)
Stephen King.
Editora Suma.
528 páginas.