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SEM MÁS INTENÇÕES

ESPECIAIS/VE ALIENÍGENAS NA TERRA

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data15/06/2018
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São inúmeros os extraterrestres que vieram ao nosso planeta sem a intenção de nos conquistar ou destruir.

(Lava Bear Films/ FilmNation Entertainment/ 21 Laps Entertainmen
Amy Adams conversa com os extraterrestres em A Chegada.

Um dos exemplos mais recentes e bem acabados de contatos com extraterrestres que não desejam o nosso mal é o do filme A Chegada (Arrival, 2016), com direção de Denis Villeneuve, com Amy Adams e Jeremy Renner nos papéis principais.
O roteiro de Eric Heisserer foi baseado no conto “História de sua vida” (1998), de Ted Chiang, no Brasil publicado no livro História de sua vida e outros contos (Ed. Intrínseca). O filme foi muito bem nas bilheterias e também com a crítica. Não deixa de ser surpreendente, uma vez que não tem qualquer relação com a maioria das grandes produções recentes do cinema envolvendo a presença de aliens em nosso planeta, ou seja, nada de invasões violentas, cidades sendo explodidas por raios e os extraterrestres vistos como seres ameaçadores e os heróis terráqueos salvando o planeta. Eles chegam a ser vistos como monstros ameaçadores, mas em momento algum a história fornece qualquer abertura racional e lógica para que sejam encarados dessa maneira; isso ocorre pela desconfiança, pelo jogo de poder e a paranoia militarista típica das grandes nações do planeta.
As estranhíssimas naves dos alienígenas surgem em vários pontos do planeta repentinamente, e tudo indica que elas se deslocam no tempo, ou no que às vezes se convencionou chamar na fc de hiperespaço, viajando imediatamente de um ponto a outro do universo.

     Amy Adams e Jeremy Renner (Lava Bear Films/ FilmNation Entertainment/ 21 Laps Entertainment).

Amy Adams interpreta a linguista Louise Banks, chamada para ajudar a decifrar a linguagem dos aliens, trabalho que realiza juntamente com o físico Ian Donnelly (Renner). Ela se depara com seres imensos e com grandes dificuldades para entender sua escrita circular. No resto do planeta, outros especialistas também estão tentando decifrar a escrita e comunicar-se com os seres para saber qual o seu propósito na Terra. E é justamente uma interpretação errônea de uma frase que começa a piorar a situação, com a China colocando suas tropas em prontidão, ameaçando atacar os extraterrestres.

                  A estranha linguagem dos aliens, um presente para a Terra.

Louise acaba percebendo que os extraterrestres vieram nos dar um presente, que é a própria linguagem, cujo entendimento final permite às pessoas um conhecimento do futuro. A própria Louise tem uma visão do futuro e consegue deter o ataque dos chineses ao falar diretamente com o General Shang (Tzi Ma).
À primeira vista, o espectador pode ficar confuso com as imagens relacionadas com a vida de Louise, em imagens referentes à sua filha que vão sendo mostradas à medida que ela avança em seus estudos. Mas quando ficamos sabendo a verdadeira natureza da linguagem dos extraterrestres, as coisas se esclarecem. E mais; eles dizem que o presente é necessário para o avanço da humanidade, uma vez que eles irão precisar de nossa ajuda três mil anos no futuro.
No conto de Ted Chiang, os extraterrestres não chegam a ser ameaçados e, depois que Louise passa a dominar o idioma, eles simplesmente vão embora da Terra, sem jamais dizerem a razão de terem vindo.

O filme segue uma tradição antiga da ficção científica, até mais antiga do que a das invasões extraterrestres. Em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, Phil Hardy fala sobre a peça A Message From Mars, produzida por Richard Ganthony em 1899, e que se tornou extremamente popular, sendo provavelmente a primeira peça de ficção científica do teatro moderno. Ficou tão famosa que foi adaptada para o cinema em 1903, num curta-metragem produzido na Nova Zelândia, com direção de Franklyn Barrett; e depois em 1913, em produção inglesa dirigida por J. Wallet Waller; e em 1921, na produção norte-americana dirigida por Maxwell Karger.

A Message from Mars, 1921 (Metro Pictures Corporation).

Segundo Phil Hardy, a versão de 1913 foi filmada quase como uma peça, inclusive com os atores do teatro. A história apresenta o marciano Ramiel observando as ações egoístas do terrestre Horace Parlan numa bola de cristal. O marciano recebe ordens de viajar à Terra e transformar o terrestre, o que ele consegue. “Basicamente”, escreve Hardy, “é um conto de fadas religioso que parece ter adaptado Um Conto de Natal (1843, de Charles Dickens) para um ambiente de certa forma mais atualizado e até mais estranho”.
A refilmagem de 1921 traz como novidade apenas os efeitos de fotografia e o fato de toda a ação do marciano ser apresentada, ao final, como sendo um sonho do personagem central.

 

Capa da revista Action Comics 1, de junho de 1938 (DC Comics. Arte de Joe Shuster, cores de Jack Adler).

A história dos alienígenas que vêm à Terra sem más intenções foi marcada definitivamente pelo surgimento de Superman, nas histórias em quadrinhos criadas por Jerry Siegel e Joe Shuster e negociadas com a Detective Comics (depois DC Comics), publicadas na revista Action Comics em 1938. Kal-El, originário do planeta Krypton, foi um sobrevivente da destruição de seu planeta, enviado ao espaço por seu pai Jor-El, aterrissando na comunidade de Smallville, no Kansas, e sendo adotado pelo casal Kent, crescendo como o jovem terrestre Clark Kent, ainda que com poderes que nenhum humano possui.
Claro que mais do que ser visto como um alienígena na Terra, o Super-Homem é “o” super-heroi, influenciando tudo o que foi feito depois, em particular nas histórias em quadrinhos, mas também no rádio, no cinema e na televisão.
O Superman (como os brasileiros gostam que o herói seja chamado hoje, provavelmente por questões... bom, sei lá por quais razões) mudou bastante ao longo dos anos; iniciando como um alienígena vulnerável e que sequer voava, mas dava saltos imensos, transformou-se num ser quase imbatível, capaz até mesmo de voar na velocidade da luz. Claro que os escritores sempre acabam inventando vilões capazes de ameaçar os seres mais poderosos do universo, e com Superman não foi diferente.

                                                                      Imagem do desenho animado Superman: The Mechanical Monsters (Fleischer Brothers, 1941).

As adaptações são inúmeras, desde The Adventures of Superman, série do rádio apresentada a partir de 1940, passando pelos desenhos animados de 1941, produzidos pelo Fleischer Studios, de Max e Dave Fleischer, já famosos por várias produções, incluindo os desenhos do marinheiro Popeye.
E quando o herói de Krypton chegou aos cinemas e à televisão sua fama só cresceu, começando com Super-Homem (Superman, 1948), a primeira aventura cinematográfica apresentada em 15 capítulos em preto e branco, com direção de Spencer Gordon Bennet e Thomas Carr, com produção de Sam Katzman. Kirk Alyn interpreta Superman/Clark Kent, e Noel Neill é Lois Lane, com Tommy Bond como Jimmy Olsen.

Kirk Allyn e Noel Neill, em Super-Homem, 1948 (Columbia Pictures Corporation).

A série inicia mostrando os primeiros momentos do Super, ainda criança em Krypton, quando seu pai Jor-El o coloca numa nave espacial em direção à Terra, diante da destruição iminente do planeta. Depois de ter crescido e trabalhando disfarçado de repórter, tem de enfrentar a Mulher-Aranha (Carol Forman), que pretende dominar o mundo e destruir o super com um pedaço da fatal kriptonita. Apesar das cenas de animação utilizadas para os momentos em que o homem de aço voa serem bastante ruins, o seriado foi um enorme sucesso.
Na televisão, as aventuras com o alien de Krypton começaram em 1952, com Super-Homem (Adventures of Superman). George Reeves é Clark Kent/Superman e Lois Lane foi interpretada por Phyllis Coates na primeira temporada e por Noel Neill nas seguintes, até 1958. Começou com filmagens em preto e branco e a partir de 1995, em cores. Quem viveu no Brasil nos anos 1960, pode assistir a vários episódios.
A história do Super-Homem continua até hoje, e parece que não vai parar de ser contada e recontada. Ainda em 2018, por exemplo, estreou a série de TV Krypton, com história situada 200 anos antes do nascimento de Kal-El. E o retorno do super-heroi às telas do cinema em 2013, com O Homem de Aço (Man of Steel) – com Henry Cavill no papel central e Amy Adams como Lois Lane, e direção de Zack Snyder – teve sequência em 2016 e 2017 com Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (Batman Vs Superman: Dawn of Justice) e Liga da Justiça (Justice League), ambos também dirigidos por Snyder.

 

Em 1940, apenas dois anos após o surgimento do Super-Homem, um conto também iria marcar a história dos extraterrestres bonzinhos entre os terráqueos despreparados. Trata-se de Adeus ao Mestre (Farewell to the Master), de Harry Bates, publicado na revista Astounding Science Fiction. O conto originou o filme O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, 1951), dirigido por Robert Wise, que se tornou mais conhecido que o conto, ainda que tenha introduzido algumas modificações. Em The Science Fiction Encyclopedia, Malcolm J. Edwards comentou que na transposição da história para o cinema ela perdeu o aspecto irônico representado pela cilada de tentar interpretar em termos humanos o relacionamento entre o alienígena e o robô.

(Capa: Hubert Rogers).

No conto, a história é contada do ponto de vista de um repórter fotográfico presente no momento em que uma nave ovoide aparece repentinamente em Washington. Dois dias depois, surgem da nave um ser humanoide e um robô com dois metros e meio de altura; o humanoide diz ser Klaatu e que o robô é Gnut, antes de ser baleado e morto por um homem enlouquecido. O robô permanece imóvel, enquanto os terrestres constroem um verdadeiro laboratório em torno da nave e do robô.
Eventualmente, o repórter percebe que Gnut entra em sua nave todas as noites, quando ninguém está vendo, e se envolve com o robô e sua tentativa de reconstruir Klaatu, e fica sabendo que, na verdade, Gnut é o “mestre”.

Apesar das alterações apresentadas no filme – com Klaatu (Michael Rennie) sendo apresentado como o “mestre” e o robô, então chamado de Gort, seu poderoso auxiliar, e ainda com a mensagem de desarmamento trazida aos povos da Terra – ele certamente se tornou mais importante do que o conto, um clássico do gênero e um dos melhores da década de 1950.

                                                                                             Klaatu e o robô Gort (Twentieth Century Fox).

Klaatu chega à Terra como o enviado de uma federação galáctica para demonstrar a preocupação e irritação dos seres da galáxia com as atividades nucleares no planeta, que ameaçam a ordem do universo. Pretende avisar os terrestres dos perigos que correm, mas logo ao desembarcar é erroneamente atingido por um soldado e enviado ao hospital. Sai de lá e instala-se secretamente numa pensão dirigida por Helen Benson (Patricia Neal), passando a conviver com os terrestres enquanto prepara sua missão. Durante algumas horas, faz com que todo o planeta pare de funcionar, mantendo apenas os aviões que estão no ar e os hospitais, como prova da força da federação. Depois disso, consegue reunir cientistas de todo o mundo, mas acaba sendo morto. O robô Gort usa seus poderes para revivê-lo, para que ele dê sua mensagem de não agressão, mas prevenindo a Terra e dizendo que manterá robôs como Gort tomando conta do planeta, até que os terrestres aprendam.

Klaatu em sua versão terrestre, como Carpenter.

Além da evidente mensagem pacifista – numa época em que a regra geral era justamente a posição contrária – muitas vezes salientou-se o aspecto religioso do filme: o nome que Klaatu assume quando mora na pensão é Carpenter (carpinteiro), e ele veio para salvar o mundo de seus pecados (nucleares), vivendo entre pessoas comuns para conhecê-las melhor, e sendo assassinado, revivendo, e então subindo aos céus. Phil Hardy, em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, Phil Hardy reforça esse ponto de vista, comentando que “o tema reflete o nascimento, morte e ressurreição de Cristo, e tem um sabor alegórico que Hollywood normalmente evita”. Hardy ainda entende que o que tornou o filme tamanho sucesso foi o equilíbrio obtido por Robert Wise entre a narrativa alegórica e o enredo paralelo, com a tentativa de Klaatu em conhecer mais de perto os seres humanos, ao instalar-se na pensão. E Patricia Neal acaba sendo personagem central da trama, uma vez que coube a ela dizer a frase que se tornou uma das mais famosas do cinema de ficção científica, ao dirigir-se ao robô Gort para impedir que ele destruísse o planeta: “Gort! Klaatu baradao”.

                                                                                                   Patricia Neal observa Gort curando Klaatu, dentro da nave.

Tudo se encaixa, seja de forma proposital ou não, num roteiro maravilhoso de Edmund H. North. De qualquer forma, seja qual for a visão que se tenha do trabalho de Wise, o resultado é um filme excepcional, com ótimas interpretações e um trabalho de fotografia de altíssimo nível.
Claro que mantém o conceito de seres extraterrestres poderosíssimos e, ainda que tenham vindo em paz, a ameaça está bem presente: comportem-se, ou...

O robô gigantesco da refilmagem de 2008 (Twentieth Century Fox/ 3 Arts Entertainment/ Dune Entertainment III/ Earth Canada Productions/ Hammerhead Productions).

A refilmagem inútil de 2008, com o mesmo titulo, foi dirigida por Scott Derrickson e teve Keanu Reeves como Klaatu, e um robô Gort absurdamente imenso e poderoso. Ainda que tenha sido bem dirigido, centrou-se nos efeitos especiais, com Keanu Reeves compondo um Klaatu muito distante daquele interpretado por Rennie, que buscava o conhecimento de quem eram os seres com os quais estava lidando, enquanto o novo Klaatu é quase robótico. E, ao contrário do original, Gort chega a iniciar sua destruição do planeta, com uma nuvem gigantesca de nanorobôs que consomem tudo em seu caminho, incluindo seres humanos.

Veja a seguir mais histórias com extraterrestres sem más intenções.


GRUPO DE SALVAMENTO (Rescue Party, 1946)
Arthur C. Clarke.

Astounding Science Fiction, 1946 (Capa: William Timmins).

Conto publicado originalmente na revista Astounding Science Fiction e, depois, em Encontro Com o Futuro.
Foi o primeiro conto vendido por Clarke, ainda que não o primeiro publicado. Apresenta uma civilização estelar com desenvolvimento tecnológico impressionante e formada por várias raças do universo. Elas supervisionam vários planetas da galáxia, vendo o que pode acontecer de errado e corrigindo, ajudando os povos primitivos. Estiveram num planeta há 400 mil anos e, então, não havia vida inteligente, de modo que a próxima visita estava programada para 600 mil anos, um período considerado suficiente para o surgimento de vida inteligente. Só que recebem um sinal de rádio vindo daquele sistema solar, e só então percebem que o sol do sistema está para tornar-se nova, destruindo toda possibilidade de vida. Destacam uma missão especial para tentar salvar pelos menos alguma vida local. Chegando ao planeta – que é a Terra, é claro –, percebem que o planeta já está quase que totalmente desertificado pelo calor do sol que aumenta constantemente. Visitam o planeta às pressas, encontrando apenas cidades vazias, totalmente abandonadas, com as antenas dirigidas para um ponto qualquer do espaço. Procuram pelos habitantes, mas não encontram ninguém, entendendo que deveriam ter-se refugiado nos subterrâneos do planeta, acreditando que assim poderiam evitar a morte.
Têm dificuldade em imaginar o desenvolvimento atingido pela raça em apenas 400 mil anos, um fato inédito entre as raças conhecidas do universo. Não encontrando ninguém, abandonam o planeta antes de serem eles também mortos. Já distantes, e observando o sol que já se tornou nova, alguns deles começam a pensar na situação, tentando entender por que as antenas ainda transmitiam imagens do mundo sendo destruído, e por que essas imagens estavam sendo enviadas para uma região do espaço onde nada existia.
Resolvem investigar aquela região mais de perto e encontram uma frota com milhares de naves espaciais dirigindo-se para algum lugar indeterminado, cada uma das naves muitas vezes maior do que a maior das naves dos alienígenas. Percebem que a raça terrestre evoluiu muito mais do que eles poderiam imaginar, haviam construído as naves e pretendiam viajar a velocidades baixíssimas, levando toda a civilização para outra estrela, outro sistema, atravessando gerações inteiras. Então, resolvem entrar em contato com eles e ajudá-los. Alguns aliens preocupam-se com a determinação dos terrestres e entendem que devem ser delicados com eles. O conto termina indicando que os terrestres realmente deveriam causar alguns problemas.

 

O PRIMEIRO CONTATO COM OS TERRÁQUEOS (Trouble With the Natives, 1951)
Arthur C. Clarke.

(Capa: Dean Ellis/ Ballantine Books).

Conto publicado nos livros Encontro Com o Futuro e em Sobre o Tempo e as Estrelas (com o título “Problemas Com os Nativos”). História com tons de humor apresentando alienígenas que chegam à Terra e enviam dois emissários a uma pequena vila da Inglaterra, com a intenção de iniciar um contato. Eles são tão mal compreendidos e entendem os terrestres tão mal que acabam indo para a cadeia, onde conhecem um bêbado que estava preso. Eles desintegram a parede da cela e o bêbado os leva de volta à sua nave, acabando por se tornar o primeiro embaixador terrestre no universo.

 

A DERRADEIRA MANHÃ (No Morning After, 1954)
Arthur C. Clarke.

                                                                                                                                                 (Capa: Chesley Bonestell).

Conto publicado originalmente na antologia Time To Come (1954), editada por August Derleth. Depois, na revista The Magazine of Fantasy and Science Fiction (julho de 1956). E ainda nos livros O Outro Lado do Céu e Sobre o Tempo e as Estrelas (com o título “Nenhuma Outra Manhã”).
Seres alienígenas entram em contato telepático com um terrestre, um matemático especialista em foguetes e mísseis. A ideia dos aliens é avisar os terrestres que o Sol irá explodir em três dias e que ele deve avisar as autoridades para que a Terra seja evacuada através de portais dimensionais criados pelos extraterrestres, que conduziriam a população para um planeta semelhante à Terra.
Só que o homem está amargurado com a vida e completamente bêbado, não acreditando em nada do que os aliens lhe mostram, o portal que se abre à sua frente, acreditando ser alucinação de bêbado. Diz aos seres que, na verdade, talvez seja melhor mesmo o mundo acabar com uma explosão do Sol, ao invés de ficar esperando o fim que chegaria com a explosão de bombas nucleares. Os aliens desistem do contato e, eventualmente, o Sol explode e a Terra é destruída.
Uma história com um final absolutamente imbecil para uma civilização que se porta de forma imbecil. Da mesma forma, a rigidez de pensamento dos terrestres é o que impede que a mensagem seja recebida pelo que ela é, e sim interpretada como alucinação. A falta de visão é que acaba causando o fim.

 

CAMPANHA PUBLICITÁRIA (Publicity Campaign, 1953)
Arthur C. Clarke.

(Capa: Ed Emshwiller).

Conto publicado originalmente no jornal londrino The Evening News. Posteriormente, na revista Satellite Science Fiction (1956) e no livro O Outro Lado do Céu.
Uma campanha publicitária gigantesca é preparada para o maior filme de ficção científica jamais realizado, com história sobre extraterrestres que invadiam e destruíam a Terra. A campanha tem uma repercussão imensa no planeta. No mesmo momento, os embaixadores alienígenas de um império intergaláctico chegam à Terra com suas naves, tentando um contato amigável. Embalada pela publicidade, a população destroça os embaixadores e os militares tentam explodir as naves aliens em órbita, absolutamente alucinados pelo clima hostil criado. Os aliens revidam, acabando com a Terra. Vão embora sem entender por que tanta hostilidade.

 

O HOMEM DO PLANETA X (The Man From Planet X, 1951)
Direção de Edgar G. Ulmer.

(Mid Century Film Productions).

A produção inglesa surgiu no mesmo ano de O Dia em que a Terra Parou, e igualmente se tornou um dos mais significativos da década de 1950. Michael Weldon, em The Psychotronic Encyclopedia of Film, disse que foi um dos primeiros filmes “sérios” a apresentar alienígenas visitando nosso planeta.
Rodado em apenas seis dias, apresenta um extraterrestre que chega ao nosso planeta buscando nossa ajuda, uma vez que seu planeta está chegando ao fim. O planeta é denominado Planeta X pelos terrestres, e está passando por nosso sistema solar e sofrendo um processo de congelamento. O problema é que o alienígena acaba sendo capturado por um cientista que deseja obter conhecimentos dele.
Phil Hardy (The Encyclopedia of Science Fiction Movies) diz que o filme é uma união convencional do melodramático e do cósmico: de um lado, um cientista maléfico (William Schallert) briga com um repórter honesto (Robert Clarke) elo amor de uma mulher (Margaret Field); de outro, o alienígena que chega à Terra em busca de ajuda para seu planeta congelado. O que torna o filme superior, diz Hardy, é que o diretor Ulmer une esse material de forma incomum, escolhendo ângulos de câmera estranhos e criando um verdadeiro sentido de suspense. “O mais interessante de tudo”, diz Hardy, “é a descrição de Ulmer da humanidade como sendo tão sem coração e fria quanto o planeta dos aliens, que são condenados à extinção quando os humanos se recusam a ajudar e o exército bombardeia o solitário alienígena e sua nave com bazucas”.
Ele complementa dizendo que ao final, a passagem do Planeta X pelo céu, marcada por ventos violentos e luzes brilhantes, é bem mais sombria do que aquelas de muitos filmes de invasões alienígenas.

 

O MONSTRO DO ESPAÇO
Robert A. Heinlein.

 

OS NEGROS ANOS-LUZ (The Dark Light Years, 1964)
Brian W. Aldiss.

(Capa: Mark Salwowski/ Granada).

Geralmente o livro é apresentado como um dos trabalhos “menores” de Aldiss, mas é preciso considerar que o melhor do autor está entre o que existe de melhor no gênero. Ou seja, o “menor” dele ainda tem um nível excepcional, e aqui ele apresenta uma série de situações com muito sarcasmo, ironia, humor negro e uma crítica feroz à humanidade e seus métodos de ação com relação a todas as raças diferentes da raça dominadora.
Os alienígenas aqui são os utods, seres disformes que gostam de viver na lama em que defecam. E, ainda que muito diferentes dos humanos, têm pensamentos extremamente evoluídos. Na primeira vez em que encontram os humanos, dirigem-se a eles com a intenção de se comunicarem, felizes com o encontro, mas os humanos disparam suas armas, matam seis deles e levam os dois restantes para sua nave, posteriormente transportando-os para um zoológico na Terra.
Aldiss inicia a narração do ponto de vista dos utods, mostrando como a vida na lama é o natural para eles e como é necessária, para, em seguida, mostrar o desprezo e a ignorância dos humanos, que não podem suportar a imundície dos seres. É um contato duro, entre uma raça sensível e a terrestre, preocupada apenas consigo mesma, com seus interesses mesquinhos.
Na Terra, no zoológico, discute-se sobre a possibilidade deles serem ou não inteligentes. Não conseguem se comunicar ou entender a necessidade deles viverem na lama, limpando-os constantemente. O que se vê nas relações humanas e nas reações dos estudiosos à presença dos utods é muito preconceito e uma visão estreita do universo.

                                                                                                                                                              (Signet/New American Library).

Por outro lado, os utods não se comunicam apenas porque não o desejam. O “cosmopolita”, o mais velho dos dois, não acha ético fazê-lo enquanto os humanos não perceberem suas necessidades. O “politano”, mais novo, é capaz de reproduzir a fala dos terrestres e entende que já é tempo de se comunicarem, pois devem sair do planeta.
A comunicação é tanto mais difícil quando se sabe que os utods têm um modo completamente diferente de encarar a vida. Não sentem dor, o que já muda tudo, e não entendem a violência e o assassinato da mesma forma que os humanos. Os dois sobreviventes chegaram a sentir-se desprezados por não terem sido escolhidos para “passarem” para a fase de putrefação, quando seus companheiros foram mortos pelos terrestres. Para completar, os seres atravessam diferentes fases na vida, sendo machos e fêmeas alternadamente.
Os resultados do contato são desastrosos para os aliens, que terminam sendo considerados de menor importância, num momento em que se desenvolvem guerras intermináveis, como a anglo-brasileira, travadas no planeta Charon.
Os aliens são dissecados. Uma expedição dirige-se ao espaço para tentar localizar o planeta natal dos seres, e consegue, deixando no local um homem para tentar se comunicar com eles, após atirarem nos seres como se fossem caça e não seres inteligentes. O homem acaba sendo esquecido no planeta por 40 anos, aprendendo a se comunicar e a conviver com os utods. Uma guerra estoura na Terra e se esquecem dele, até que a guerra chega ao planeta e ele é retirado. Ninguém se importa com os utods, que estão sendo extintos pelo conflito.
Brian Aldiss utiliza todo o seu sarcasmo para contar uma história sobre os seres humanos e sua incrível capacidade destrutiva. Todos os personagens que realmente tomam decisões, os que têm o poder de decidir os rumos das investigações, são totalmente preconceituosos, vendo o universo simplesmente como um quintal onde podem expandir seus egos e desejos mesquinhos. Todos os personagens que se preocupam em ampliar os horizontes da humanidade são, de alguma forma, aniquilados pelos homens, que se utilizam da força física sempre que julgam necessário ou quando entendem que seus pontos de vista estreitos estão sendo ameaçados.
O contraste entre o mundo dos aliens e dos homens é marcante. Os utods vivem na lama que os terrestres tanto desprezam, mas possuem os pensamentos mais elevados. Vivem em paz com seu ambiente, consigo mesmos e uns com os outros. Os terrestres, que não podem entender e, portanto, suportar a visão dos aliens vivendo no meio dos excrementos, são tão limitados mentalmente que não percebem a lama em que se transformou as suas cidades. Em Londres, para sair às ruas, as pessoas precisam usar máscaras especiais e caminhar no meio do lixo espalhado. A contradição é flagrante, reduzindo os seres humanos à sua importância real, como meros destruidores. Um livro que, certamente, não é tão “inferior” como entendeu parte da crítica.

 

O NIPO
Randall Garret.

 

O FIM DA INFÂNCIA (Childhood’s End, 1953)
Arthur C. Clarke.

Primeira edição do livro (Capa: Richard Powers/ Ballantine Books).

Ao falarmos de interferência benéfica de uma raça alienígena em nosso planeta, é difícil encontrar alguma história que supere o impacto de O Fim da Infância.
Apresenta a lenta preparação da humanidade para uma transformação que vai muito além dos nossos sonhos. A interferência dos extraterrestres – que no início jamais são apresentados ou vistos fisicamente por alguém – começa por acabar com todas as guerras no planeta, e para tanto utilizam sua ciência e tecnologia, tão avançada que para nós muitas vezes surge como magia.
O momento em que finalmente se mostram à humanidade, 50 anos após sua chegada, é um dos pontos altos do livro, uma vez que os aliens se parecem com as representações humanas do diabo.
A história é também e, talvez, principalmente, sobre a última geração de seres humanos a viver no planeta. Alguns anos depois da chegada começam a nascer crianças com poderes mentais excepcionais, capazes de fundir suas mentes num único organismo, viajando mentalmente pelos confins do universo.

                                                                                      (Capa: Chris Moore/ Tor / Pan Macmillan UK).

Os extraterrestres, os chamados Senhores Supremos, tão superiores aos seres humanos, são na verdade os guardiões da raça humana da Terra, a mando de uma inteligência tão superior à deles que, mesmo com todo seu desenvolvimento, não conseguem sequer ter uma ideia vaga do que ela pode ser. Os novos humanos irão integrar-se a essa inteligência, que parece estar crescendo, expandido-se pelo cosmo, agregando sempre mais e mais raças que, como a humana, têm a capacidade de atingir esse estado mental específico. Os próprios Senhores Supremos não a possuem e, por isso, são usados como o contato com as raças escolhidas, preparando-as para o momento exato. As crianças acabam se transformando em parte do ser cósmico, e a Terra, que já não possuía quaisquer seres humanos, como que se desfaz, se desintegra.
Em 2015, o canal SyFy produziu uma minissérie em três capítulos adaptando o livro, desenvolvida por Matthew Graham, mas sem conseguir chegar sequer próximo da qualidade do trabalho de Clarke.

 

O HOMEM QUE CAIU NA TERRA (The Man Who Fell to Earth, 1963)
Walter Tevis.
(também aqui).

 

O HOMEM QUE CAIU NA TERRA (The Man Who Fell to Earth, 1976)
Direção de Nicolas Roeg.

 

O HOMEM QUE CAIU NA TERRA (The Man Who Fell to Earth, 1987)
Direção de Robert J. Roth.

(David Gerber Productions/ MGM Television).

Adaptação da história de Walter Tevis em produção para a TV, com Lewis Smith no papel do extraterrestre. Não há como comparar com o filme de 1976. Está longe do clima de opressão, solidão e desespero presentes no filme com Bowie e no livro, apresentando o extraterrestre sempre sorridente, como se estivesse tudo bem. Muito fraco.

 

OS INVASORES ANDAM ENTRE NÓS (A Scourge of Screamers, 1966)
Daniel F. Galouye.

 

O DIA EM QUE OS MARCIANOS CHEGARAM (The Day After the Martians Came, 1967).
Frederik Pohl.

(Capa: Diane Dillon e Leo Dillon/ Doubleday).

Publicado originalmente na antologia editada por Harlan Ellison, Dangerous Visions (1967), e também em Dia Milhão, do próprio Pohl.
O conto basicamente é uma denúncia contra o preconceito, mostrando como os seres humanos (brancos, em geral) conseguem odiar grupos minoritários e tratá-los como animais. A ação se passa num motel perto de Cabo Kennedy, repleto de jornalistas para cobrir a história da sonda terrestre que trouxe seres vivos de Marte. O dono do motel passa a noite acordado ouvindo os repórteres que se reúnem no salão e inventam piadas sobre os seres marcianos, que eles consideram pequenos, feios e malcheirosos.

 

 

O BERÇO DOS SUPER-HUMANOS (Cradle, 1988)
Arthur C. Clarke e Gentry Lee.

 

A ESPINHA DORSAL DA MEMÓRIA (1989)
Braulio Tavares.
Um dos melhores livros de ficção científica já publicados em português. A segunda parte do livro traz contos referentes ao contato entre terrestres e uma raça alienígena, mas sempre com o foco de atenção às mudanças pelas quais está passando o Brasil, com muita inventividade, senso de humor e crítica mordaz à sociedade.
Em “Príncipe das Sombras”, a narração é feita por um escritor de FC, por volta de 2006, quando seres extraterrestres finalmente respondem às mensagens da Terra e chegam para nos visitar, com naves que viajam tão rápido que sofrem e causam alterações temporais. Tudo se passa no Rio de Janeiro, envolvendo as memórias do narrador e a loucura final na cidade na noite em que as sondas dos aliens colocam nos céus do planeta suas saudações, algo como uma aurora boreal que causa as reações mais diversas. Ao longo do conto podemos perceber as mudanças de comportamento da sociedade e na política, com os militares estando mais uma vez no poder. Muito bom, com uma construção de clima perfeita.
O tema dos Intrusos continua sendo desenvolvido no conto “Jogo Rápido”, imaginando que os alienígenas deverão chegar ao nosso planeta em 2008 e, para o primeiro encontro, os terrestres lançarão uma nave ao espaço, à bordo da qual deverá estar Leonardo Pereira Schmidt, linguista e diplomata brasileiro que previra a chegada dos aliens e que fora o primeiro a decifrar suas mensagens. Ele chega ao Brasil após muitos anos fora do país, perseguido pelos militares, e é recebido no aeroporto por um ex-aluno, que lhe conta a inacreditável bagunça em que se encontra o Brasil, com grupos e gangues de jovens e terroristas que ameaçam a sociedade. Alguns raptam personalidades para tatuar seus rostos, uma extrapolação dos pichadores de muros, contando pontos de acordo com a personalidade. Leonardo é raptado por um desses grupos, que tatua sua testa.
O conto termina quando Leonardo é raptado, mas o que transpira ao longo da história é o clima de alucinação total da sociedade brasileira. Todos mastigam uma droga chamada hexadrim e ninguém parece se importar com coisa alguma. É uma visão crítica muito forte do autor, extrapolando para o futuro uma situação atual de absoluto abandono e a inexistência de confiabilidade ou de perspectivas para o futuro. Com bom humor negro e muito cinismo, mostra o Brasil como uma sociedade isolada do resto do planeta, completamente perdida, sem rumo e sem se importar de fato com o que está ocorrendo no planeta ou à sua volta.
No conto “Stuntmind”, Tavares apresenta os terrestres que fazem contatos mentais com os Intrusos, e que são chamados stuntmind. Eles recebem imensa carga de informações que repassam aos cientistas. E é assim que os terrestres descobrem o hipertempo e iniciam a construção de um Portal. O narrador da história, Van Dali, o primeiro stuntmind, acredita que uma parte de um Intruso se inseriu nele, como se os aliens fossem viciados nos terrestres, querendo vir experimentar a sensação de serem humanos.
O livro fecha com o conto “Mestre-de-Armas”, milhares de anos no futuro, com os Portais tendo sido construídos no hipertempo e com a humanidade espalhada pelo universo. Cada Portal leva a um novo sistema solar, mas não é possível retornar por ele, além do que nunca se sabe para onde ele leva, até que se chega ao local. Os terrestres, ou humanos, realizam Duelos com os Intrusos, que gostam muito disso. Os humanos escolheram o local, que é a Terra do passado, e os Intrusos escolhem as armas. A narração é feita por um Instrutor, que treina Combatentes para o duelo. O Instrutor pode se tornar Mestre-de-Armas, virtualmente imortal, mas preso às suas funções e ao seu local, sem poder combater.

 

ESTRANHOS (Stranger, 1986)
Dean R. Koontz.

 

AS FONTES DO PARAÍSO (The Fountains of Paradise, 1979)
Arthur C. Clarke.

 

OS HERDEIROS DAS ESTRELAS (A Heritage of Stars, 1977)
Clifford D. Simak.

 

MATADOURO NÚMERO CINCO (Slaughterhouse Five, 1969)
Kurt Vonnegut Jr.

 

MATADOURO CINCO (Slaughterhouse Five, 1972)
Direção de George Roy Hill.
(ver a matéria Sem Controle)

 

O OLHO DA RAINHA (The Eye of the Queen, 1982)
Phillip Mann.

 

O OUTRO PÉ (The Other Foot, 1965)
Damon Knight.

 

O PAR (2008)
Roberto de Sousa Causo.

 

OS EDUCADORES (The Sitters, 1958).
Clifford D. Simak.

(Capa: Dember).

Conto publicado originalmente na revista Galaxy Science Fiction, e depois na antologia A Revolta das Máquinas. Num momento futuro em que a maioria dos terrestres já viaja para as estrelas, um homem retorna à sua pequena cidade natal de Milville e traz consigo três Educadores, seres alienígenas a quem as pessoas entregam seus filhos para serem cuidados.
Algumas pessoas entendem que os jovens aos seus cuidados foram de alguma forma modificados pelos aliens, e o reitor de uma universidade vai à casa dos Educadores tentar saber o que está acontecendo. Lá, descobre que os aliens se alimentam da juventude, da infantilidade; é o seu sustento, como outros seres possuem outros tipos de alimentação. Em uma sala, o reitor pode perceber a presença invisível da alegria e da jovialidade, como que guardadas ali.
Essa situação é que faz os jovens amadurecerem mais cedo. O reitor percebe então que na verdade os Educadores estão apenas utilizando e guardando na casa alguma coisa que todos os humanos acabam perdendo, que não poderiam preservar, exceto na memória. E o que os jovens ganhavam com isso era simplesmente tornarem-se adultos, porém sem a carga de cinismo, o lado negativo da humanidade. O próprio reitor, já velho, sente-se muito melhor depois de visitar a casa. E retorna, desejando ele também ser educado, tornar-se algo melhor, um ser humano melhor. Um conto com um tema, no mínimo, controverso.

 

STALKER (Piknik na Obotchine, 1972)
Arkadi e Boris Strugatsky.

 

STALKER (Stalker, 1979)
Direção de Andrei Tarkovsky.

(Mosfilm/ Vtoroe Tvorcheskoe Obedinenie).

O filme teve roteiro dos próprios autores da história original, Arkadi e Boris Strugatsky, e frequentemente é apontado entre os melhores filmes do gênero, tendo como base a existência de uma região na qual a entrada é proibida e onde se diz que estiveram presentes seres extraterrestres. Acredita-se que sua simples presença no local, ou os objetos que lá deixaram, transformaram o local num espaço em que as leis da física conhecidas na Terra não se aplicam, ou seguem em direções inesperadas, com a realidade mesclando-se com a irrealidade, confundindo as pessoas com uma noção de tempo e espaço diferente, mutável.
Alguns homens dedicam-se a conhecer o local e servir de guia aos que desejam chegar ao local especial que se acredita que exista no centro desse espaço. São os stalkers. Um deles (Aleksandr Kaidanovsky) leva um escritor (Anatoly Solonitsyn) e um cientista (Nikolai Grinko) até lá, cada qual com seus próprios motivos para encontrarem o lugar. Até que cheguem à “zona” o filme é preto e branco, e apresenta imagens muito bonitas. Apesar da lentidão com que é narrado e do longo tempo de projeção, é um filme muito interessante. Inicialmente, foi lançado no Brasil em VHS (Taipan Vídeo), e depois em DVD (Obras Primas), incluindo uma edição especial com dois DVDs e muitos comentários e entrevistas.

 

TERRA INSÓLITA (The Werewolf Principle, 1967)
Clifford D. Simak.

 

TERRA VERDE (1999)
Roberto de Sousa Causo.

 

AMAR ESSE UNIVERSO (Love That Universe, 1966)
Arthur C. Clarke.

(Capa: Paul Alexander/ Signet / New American Library of Canada).

Conto publicado no livro O Vento Solar (The Wind From the Sun, 1972). Cientistas descobrem que um astro milhares de vezes maior do que a Terra penetrará no Sistema Solar e trará o fim da vida. Descobrem ainda que existem civilizações galácticas com a capacidade de modificar os próprios astros e que somente eles poderão nos ajudar, desviando ou destruindo o astro que se aproxima. Para entrar em contato imediato com eles, a única forma possível é a telepatia, meio de comunicação que, já se sabe nessa época, é mais rápida do que a luz. Para isso, propõem que uma emoção muito forte, ainda mais forte do que o medo, deverá ser experimentada por um bilhão de pessoas no planeta, ao mesmo tempo, enviando uma mensagem que será escutada em todo o universo e, portanto, também pelos seres distantes. Os cientistas dizem que “devemos amar-nos uns aos outros ou perecer”. É um conto com uma imagem típica de Arthur C. Clarke, unindo mensagens religiosas e científicas, ou propondo uma explicação de caráter científico a um conhecimento religioso já ancestral.

 

OS VISITANTES DO ESPAÇO (1963)
Jerônimo Monteiro.

 

VEIO DO ESPAÇO (It Came From Outer Space, 1953)
Direção de Jack Arnold.

(Universal International Pictures).

Filmado em 3-D, este é o primeiro filme de ficção científica dirigido por Jack Arnold, que viria a se tornar quase uma lenda no gênero em sua época com os agora clássicos O Monstro da Lagoa Negra (1954) e O Incrível Homem Que Encolheu (1957). Veio do Espaço também acabou entrando na lista de clássicos dos anos 1950, com uma história desenvolvida por Ray Bradbury (O Meteoro) e transformada no roteiro de Harry Essex.
Richard Carlson interpreta o astrônomo John Putnam que, junto com sua namorada Ellen Fields (Barbara Rush), testemunha a queda de um meteoro perto da cidade onde moram. Ao investigar o local ele percebe que, na verdade, se trata de uma nave espacial. Ele tenta avisar os habitantes da cidade, que evidentemente não lhe dão ouvidos, e com o tempo ele começa a perceber a mudança de atitude de algumas pessoas conhecidas (todo mundo é conhecido, já que a cidade é pequena), e fica sabendo que eles estão sendo trocados por aliens, como sósias perfeitas, ou quase. Finalmente, todos percebem o que está acontecendo e a paranoia tem início, formando-se um grupo para combater os invasores.
Só que, o que até então parecia mais um filme de invasão do espaço, modifica-se completamente quando Carlson percebe que os extraterrestres não pretendem invadir ninguém, mas simplesmente utilizar cópias dos seres humanos para reparar sua nave avariada. Quando a multidão está prestes a cometer atos de violência, ele consegue impedi-los, os “invasores” libertam os humanos e vão embora em paz.
Um excelente trabalho de fotografia de Clifford Stine, em especial com as filmagens do deserto, e cenários impecáveis, num excelente filme.
Uma refilmagem horrorosa foi produzida em 1996, A Ameaça que Veio do Espaço (It Came From Outer Space II), com direção de Roger Duchowny.

 

GUERRA ENTRE PLANETAS (This Island Earth, 1955)
Direção de Joseph Newman.

Rex Reason e Faith Domergue (Universal International Pictures).

Esse tem sido um filme que costuma despertar opiniões opostas, tanto de críticos quanto do público. Assisti ao filme pela primeira vez nos anos 1960, na televisão, quando ainda era um pequenino ser humaninho, e fiquei devidamente impressionado, como os pequeninos seres humaninhos devem ficar. Depois, um pouco maior, vi de novo e a reação foi do tipo: “Tá. OK”. Já adulto, revi e achei engraçado, às vezes entediante.
O filme recebeu inúmeras críticas positivas, tanto na época do lançamento como depois, arregimentando muitos fãs ao longo dos anos, mas também sendo alvo de críticas agudas, as mais sarcásticas provavelmente sendo os comentários ao filme apresentados em O Filme Mais Idiota do Mundo (Mystery Science Theater 3000: The Movie, 1996), onde cada cena é ridicularizada com piadas que, convenhamos, são engraçadíssimas. Afinal, que terrestre não desconfiaria de que algo não está certo ao se encontrar com o cientista Exeter, com aquela testa gigantesca? Não é normal.

                                                                                                                            Jeff Morrow e sua testona.

As críticas dos jornais na época salientavam os efeitos especiais, realmente incríveis para 1955.
O roteiro foi baseado no livro com o mesmo título, de Raymond F. Jones, publicado em 1952, mas anteriormente apresentado na revista Thrilling Wonder em três partes: The Alien Machine (1949); The Shroud of Secrecy (1949); The Greater Conflict (1950).
A base da história é que o planeta Metaluna está em guerra com o planeta Zahgon, e tem sérios problemas com o campo de força que defende sua última cidadela. Necessitam de novas energias para reforçá-lo e vão procurar ajuda na Terra. Enviam o cientista Exeter (Morrow), que começa a recrutar cientistas em todo o mundo, nem sempre de forma muito amigável. O último a chegar é o dr. Cal Meacham (Rex Reason), encontrando um ambiente estranho, com alguns dos colegas totalmente transformados e apáticos. Quando percebe que os planos de Exeter não lhe são favoráveis, tenta fugir com a dra. Ruth Adams (Faith Domergue), mas são capturados e levados à Metaluna. Só que chegam tarde demais. O campo de força já foi rompido e o planeta está sendo destruído. Exeter ajuda-os a fugir antes da destruição final.

Um "monstro de olhos esbugalhados".

De certa forma o filme pode ser visto como um exemplo de uma ideia razoável prejudicada por alguns excessos. Descontando-se os efeitos especiais que, na época, não podiam ir muito além do que vemos aqui, a atuação de Reason é hilariante. Um típico canastrão. E a hoje famosa aparência “humana” dos extraterrestres, com suas testas monstruosas e os cabelos totalmente brancos, além de construírem aparelhos com os quais os terrestres jamais sonhariam.
As cenas finais no planeta Metaluna foram dirigidas por Jack Arnold (de O Monstro da Lagoa Negra).
Por outro lado, um filme que consegue arrancar três estrelas do crítico Leonard Maltin deve ser visto com alguma atenção. Michael Weldon, em The Psychotronic Encyclopedia of Film, diz que Guerra Entre Planetas é “o primeiro épico sério da ficção científica interplanetária”.
Philip Strick, em Science Fiction Movies (1976), é um dos que destacam os aspectos negativos das interpretações fracas e diálogos ruins, mas entende que apesar disso, o filme segue em direção de uma aventura intergaláctica extraordinária.

                                                                                                                   A guerra no planeta Metaluna.

Phil Hardy, em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, apresenta uma das defesas mais acentuadas do filme, entendendo que, na superfície, é uma space-opera pura, com direito a batalhas interplanetárias e aos famosos “monstros com olhos esbugalhados” que marcaram o período de menor criatividade do gênero. Mas também entende que existe uma narrativa oculta imensamente perturbadora, além de apresentar elementos incomuns quando comparado a outros filmes de ficção científica do período: os alienígenas essencialmente amigáveis – ainda que seus métodos nem sempre indiquem nessa direção; a ideia de que o conhecimento terrestre da energia atômica pode ser utilizado para o bem; o uso vívido e imaginativo da cor (foi um dos últimos filmes realizados utilizando o processo Technicolor conhecido como “three-strip”). “Mas”, diz Hardy, “o mais interessante é o fato de que o filme reflete o interesse dos escritores de ficção científica da época”, conceito que pode ser discutido.
Hardy ainda lembra que Guerra Entre Planetas é um dos poucos filmes de FC dos anos 1950 sobre os quais foram escritos textos sérios, destacando o longo ensaio do crítico de cinema inglês Raymond Durgnat, “The Wedding of Poetry and Pulp” (em Films and Feelings, 1967).

 

O ALERTA DO ESPAÇO (Uchujin Tokyo Ni Arawaru, 1956)
Direção de Koji Shima.

Os aliens em forma de estrela do artista Taro Okamoto (Daiei Studios).

Fugindo ao tema dos monstros mais habituais do cinema japonês da época, os alienígenas que chegam à Terra dessa vez têm boas intenções, alertando os malditos terráqueos quanto aos perigos das armas nucleares.
Para não assustarem os humanos, assumem a nossa forma, mas originalmente eles são uma espécie de estrelas do mar gigantesca com um olho imenso no centro. Eles também avisam sobre a iminente colisão de outro planeta com o nosso, ajudando a impedir a catástrofe.
No livro Japanese Cinema Encyclopedia, os autores Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser dizem que geralmente o filme é desprezado como sendo uma cópia de O Dia Em Que a Terra Parou, mas que na verdade é baseado em um livro de ficção científica bem conceituado de Gentaro Nakajima.
Foi o primeiro filme de FC colorido da produtora Daiei e dize-se que o orçamento foi consideravelmente acima da média, já que o estúdio tentava competir seriamente com a Toho e seu imenso sucesso com Godzila (1954). Para tal, chegaram a contratar o artista de vanguarda Taro Okamoto (1911-1996) para desenhar os alienígenas semelhantes a estrelas do mar.
No Brasil, o filme foi lançado em DVD (Works Editora) juntamente com o filme Gamera, o Monstro Invencível (Daikaiju Gamera, 1965).

 

O MONSTRO DA ERA ATÔMICA (The Cosmic Man, 1959)
Direção de Herbert Greene.

(Futura Productions Inc.).

Produção minúscula com John Carradine como o “homem cósmico” do título original, um alienígena que chega à Terra em sua nave, que é uma esfera branca, ou como disse o crítico Michael Weldon, uma bola de golfe gigante. Na cola descarada de O Dia em Que a Terra Parou (1951), ele traz uma mensagem de paz, mas os terráqueos não acreditam muito nele.

 

A MENSAGEM DO PLANETA (The Space Children, 1958)
Direção de Jack Arnold.

                                                                                                                                                                                           (Paramount Pictures).

Um filme menor de Arnold, com mensagem pacifista. Os filhos dos cientistas espaciais de uma base norte-americana entram em contato com um alienígena que chega a uma praia deserta. O alien é um cérebro gigantesco que se comunica com as crianças por telepatia, com o objetivo de que eles ajudem a sabotar o lançamento de um foguete que irá colocar uma bomba de hidrogênio no espaço.

 

GENTE (The People, 1972)
Direção de John Korty.

(American Zoetrope/ Metromedia Producers Corporation).

Feito para a TV, com produção de Francis Ford Coppola. Uma professora (Kim Darby) vai trabalhar numa pequena comunidade no interior dos EUA e encontra um ambiente bastante estranho, mas semelhante a uma comunidade religiosa na qual até mesmo as brincadeiras infantis são proibidas. Depois de algum tempo ela descobre que os habitantes são extraterrestres com certos poderes mentais, que tentam se estabelecer na Terra após seu planeta ter sido destruído. Como eles chegaram no século 19, os moradores locais confundiram seus poderes com bruxaria, de modo que eles acharam melhor começar a esconder seus poderes.


 

A MONTANHA ENFEITIÇADA (Escape to Witch Mountain, 1975)
Direção de John Hough.

(Walt Disney Productions).

Produção da Walt Disney voltada para público jovem e baseada no livro com o mesmo título, de Alexander H. Key, publicado em 1968. Segue as aventuras de dois irmãos cujos pais morreram e que possuem algumas capacidades paranormais. Eles pouco ou nada sabem de seu passado, mas aos poucos vão se lembrando, até descobrirem que são extraterrestres que tiveram um acidente com sua nave ao chegarem ao planeta. Os alienígenas vieram à Terra porque seu planeta está morrendo e eles pretendem se estabelecer por aqui.
O sucesso do filme originou algumas sequências: De Volta à Montanha Enfeitiçada (Return to Witch Mountain, 1978. Também com o título Perigo na Montanha Enfeitiçada), também com direção de John Hough e produção da Disney; Beyond Witch Mountain (1982), dirigido por Robert Day e apresentado como parte do programa de TV Disneylândia; Fuga Para a Montanha Enfeitiçada (Escape to Witch Mountain, 1995), refilmagem do filme de 1975, feito para a TV com direção de Peter Rader e ainda com produção da Disney; A Montanha Enfeitiçada (Race to Witch Mountain, 2009), outra refilmagem do original de 1975, com direção de Andy Fickman e os exageros típicos das refilmagens que pensam mais na ação e nos efeitos especiais, com direito à participação de Dwayne Johnson.

 

CONTATOS IMEDIATOS DE TERCEIRO GRAU (Close Encounters of the Third Kind, 1977)
Direção de Steven Spielberg.

(Julia Phillips and Michael Phillips Productions/ EMI Films).

Realizado no mesmo ano de Guerra nas Estrelas, o filme de Spielberg – assim como o de Lucas – entrou para a história do cinema, e especificamente da FC, muitas vezes considerado entre os melhores de todos os tempos, mas despertando posicionamentos opostos, como costuma acontecer com os filmes do diretor.

Richard Dreyfuss em seu primeiro contato.

E no caso desta matéria, é interessante notar também um ponto: os extraterrestres são amistosos, é claro; afinal, eles procuram o contato, marcam um encontro, tocam musiquinha para se comunicar e tudo mais, na belíssima cena final. Por outro lado, temos de considerar que eles abduziram pessoas, levaram na marra. Aquelas pessoas que chegam com a gigantesca nave-mãe e que foram levadas do passado simplesmente tiveram suas vidas totalmente modificadas, ou arrasadas, pode-se dizer, para não falar de seus familiares que ficaram aqui achando que eles estavam mortos. Não é uma coisa muito legal para aliens legais fazerem, não é mesmo?
Apesar de trabalhar menos com efeitos especiais do que Guerra nas Estrelas, ainda assim utiliza bastante desse mecanismo e é também responsável pelo considerável aumento na utilização de efeitos nos filmes do gênero daí em diante. Fala de encontros com OVNIs, segundo se diz, em parte baseando-se em livro do Dr. J.Allen Hynek, maravilhando os espectadores com imagens impressionantes, com um enredo bastante simples, mas num roteiro perfeito, fugindo sempre dos clichês e da paranoia e exageros que caracterizam grande parte dos filmes semelhantes apresentados nos anos precedentes.

O falecido diretor francês François Truffaut interpreta um cientista especializado em OVNIs, personagem baseado no ufólogo francês Jacques Valée, juntamente com Hynek um dos maiores entendidos do assunto no mundo. Com sua equipe, percorre o mundo inteiro coletando dados sobre recentes visitas de OVNIs, até conseguir estabelecer que uma mensagem foi enviada à Terra, na qual é especificado o local onde deverá ocorrer um encontro com a nave mãe.
Melinda Dillon é uma das muitas pessoas obcecadas com a imagem de uma montanha (o local do encontro) e que para lá se dirige, procurando o filho, levado por uma nave numa das cenas mais impressionantes e bem elaboradas do cinema de FC. Igualmente obcecado é Richard Dreyfuss, que ao final consegue até mesmo ser admitido a bordo da nave alien.


Geralmente, os que se recusam a aceitar a existência do fenômeno OVNI, abominam o filme. Os fanáticos amam, pois nunca o assunto ganhou tamanha credibilidade. Os que não são nem contra nem a favor, muito pelo contrário, costumavam deixar as sessões de olhos esbugalhados, olhando para o céu. Um filme praticamente perfeito da primeira a última imagem.

 

E.T. – O EXTRATERRESTRE (E.T. the Extraterrestrial, 1982)
Direção de Steven Spielberg.

(Universal Pictures/ Amblin Entertainment).

Mais uma vez Spielberg apresenta um extraterrestre do bem, talvez o mais conhecido alienígena da história da FC no cinema e, certamente, o mais bem sucedido. Spielberg dirigiu com a capacidade habitual um filme que, teoricamente, era dirigido às crianças, falando sobre um alien que, por descuido, é deixado na Terra por seus companheiros no momento em que decolam do planeta às pressas devido aos homens do governo que os caçam. Ele acaba sendo encontrado pelo garoto Elliott, que toma conta dele escondendo-o em sua casa.
O ET possue algumas capacidades fantásticas, como fazer voar uma bicicleta e curar feridas com um toque de dedo. A situação se complica quando os homens do governo o encontram e decidem examiná-lo cientificamente.
ET é um filme comovente, feito para comover, como realçou seu diretor, com imagens belíssimas e que causou uma série de discussões acerca da influência negativa que teria sobre as crianças ao apresentar os mais velhos como seres ruins, o que não foi absolutamente a intenção de Spielberg, que inclusive considerou ET seu filme mais autobiográfico. Tirando todo o papo furado sobre o filme e o ranço deixado pelos que insistem em dizer que Spielberg não é o grande diretor que é, o que resta é um filme excepcional.

 

AMOR VORAZ (1984)
Direção de Walter Hugo Khouri.

(Cinema Centro Brasil/ Embrafilme/ Lozango Produções Cinematográficas/ W.H.K.Cinema).

Marcelo Picchi interpreta um alienígena que chega à Terra e é encontrado por Ana (Vera Fisher), mulher que está pasando por problemas psicológicos. O alien não fala e está muito fraco, mas se comunica com Ana por telepatía; ele precisa retornar ao seu planeta que está prestes a se tornar inabitável. A ideia mais interesante no filme é a da viagem espacial realizada por meio de energía mental, sem uso de naves espaciais, o que é até mais barato para se filmar. Apesar de Walter Hugo Khouri ser um dos cineastas mais respeitáveis do Brasil, o filme não anda.

 

 

 

STARMAN – O HOMEM DAS ESTRELAS (Starman, 1984)
Direção de John Carpenter.

(Columbia Pictures/ Industrial Light & Magic/ Columbia-Delphi Productions II).

O starman do título é o alienígena (Jeff Bridges) que vem à Terra atendendo ao convite implícito na nave Voyager, encontrada por seu povo. Na Terra, assume a forma do marido já falecido de Karen Allen e atravessa os EUA em sua companhia, sendo perseguido por agentes do governo que desejam obter alguns segredos dele. Momentos muito engraçados, principalmente quando o alien não consegue se comunicar perfeitamente, apenas repetindo saudações que ouviu na gravação. Interpretação perfeita de Bridges e bons efeitos especiais, num filme bem tranquilo, o que não é comum em Carpenter.
O filme deu origem a um seriado de TV fraquinho, com Robert Hays como o extraterrestre que retorna à Terra 15 anos depois de sua primeira vinda, preocupado em cuidar do filho que teve com a terráquea.
Uma refilmagem está em fase de produção.

 

COCOON (Cocoon, 1985)
Direção de Ron Howard.

(Twentieth Century Fox/ Zanuck/Brown Productions).

Seres do planeta Antarea vêm a Terra para recuperar casulos colocados no fundo do oceano há 10 mil anos, quando estiveram aqui e tentaram construir uma base no continente de Atlântida.
Os casulos contém antareanos e são colocados numa piscina, que assim é carregada de energia e faz com que três velhinhos de um asilo rejuvenesçam ao nadarem no local. Posteriormente, todos no asilo entram na piscina, retirando a energia dos casulos, que começam a morrer.
Os aliens, que vestem “roupas” de seres humanos como peles artificiais, resolvem levar todos para o planeta, onde não terão mais problemas com a idade, tornando-se praticamente imortais.
Filme leve e bem humorado, com excelente história e interpretações precisas de veteranos do cinema.
Em 1988, Daniel Petrie dirigiu a sequência Cocoon – O Regresso (Cocoon: The Return. Posteriormente com o título Cocoon II – O Regresso), com boa parte do elenco de veteranos retornando. O filme é bem feito, tem bons efeitos, ótimas interpretações, mas é repetitivo.

Os velhinhos rejuvenescidos na piscina especial de Cocoon.

Os terrestres que haviam abandonado o planeta com os aliens retornam quando eles precisam recuperar os casulos deixados no fundo do mar, e reencontram seus amigos e parentes, novamente passando por situações engraçadas e tristes também. Alguns resolvem não regressar ao espaço.

 

VIAJANTES DA GALÁXIA (Hyper Sapien: People From Another Star, 1986)
Direção de Peter Hunt.

(TaliaFilm II Productions/ Warner Bros.).

Os hypersapiens do título são alienígenas humanoides que observam a Terra a partir da Lua. Duas jovens extraterrestres resolvem visitar a Terra juntamente com Kirbi, o seu trilat, um animal de estimação com três bracos e três olhos. São ajudados por um jovem terrestre que se apaixona pela garota mais velha. Após uma série de problemas e aventuras, a garota resolve permanecer na Terra enquanto os outros aliens retornam para seu planeta, entendendo que ainda é cedo para manter contato com os humanos, muito complicados e agressivos. Chatinho.

 

O MILAGRE VEIO DO ESPAÇO (Batteries Not Included, 1987)
Direção de Matthew Robbins.

Jessica Tandy com seus visitantes (Universal Pictures/ Amblin Entertainment).

O filme teve a produção executiva de Steven Spielberg, mas não foi muito feliz, apesar da presença de excelentes atores veteranos como Jessica Tandy e Hume Cronyn. Os moradores de um prédio prestes a ser demolido tentam resistir ao despejo, enfrentando a violência das gangues contratadas para ameaçá-los. As coisas mudam quando chegam seres alienígenas que são pequenas espaçonaves, adotados pelos moradores. Os seres se alimentam de energia e adoram consertar coisas, realizando o milagre ao qual se refere o título nacional. Bons efeitos, como sempre, alguns momentos engraçados, mas não decola.

 

MAC, O EXTRATERRESTRE (Mac and Me, 1988)
Direção de Stewart Raffill.

(Mac and Me Joint Venture).

Filme horroroso, na esteira de E.T.. Parece mais um enorme comercial de TV do MacDonald’s do que um filme propriamente dito. Aliens vivem felizes num dos satélites de Saturno quando são capturados acidentalmente por uma sonda terrestre, sugados como por um aspirador de pó. Na Terra, surgem da sonda e conseguem escapar da NASA. O bebê se esconde numa casa onde vivem dois jovens que o ajudam a reencontrar a família. O final, com os aliens vestidos como os americanos mais babacas e jurando lealdade ao governo, não poderia ser mais ridículo e um retrocesso no cinema de FC. Um dos piores da década.

 

 

MISSÃO ALIEN (Alien Nation, 1988)
Direção de Graham Baker.

James Caan e Mandy Patinkin (American Entertainment Partners II L.P./ Twentieth Century Fox).

A história já se inicia em um momento em que seres alienígenas ligeiramente diferentes dos humanos vivem nos EUA, onde desceram anos antes devido a um problema com sua nave. Fazem parte da vida diária da sociedade e um deles, Sam Francisco (Mandy Patinkin), se torna policial, parceiro do humano Matthew Sykes (James Caan). Juntos, investigam as atividades ilegais de um alien (Terence Stamp) que introduz uma droga poderosíssima entre seus conterrâneos na tentativa de obter o controle total sobre seu povo.
Um filme acima da média das produções da época, com alguma violência, boas piadas, críticas ao racismo e segregação dentro dos EUA, maquiagens perfeitas e bom ritmo, além das ótimas interpretações de Caan e Patinkin.

                                                       A dupla de policiais na TV (20th Century Fox Television/ Kenneth Johnson Productions).

Deu origem a um seriado também muito bom apresentado em 22 episódios (contando com o piloto) entre 1989 e 1990. Missão Alien (Alien Nation) foi criado e produzido por Kenneth Johnson, um veterano especialista em seriados de TV, seguindo na mesma linha do filme com a dupla de policiais, agora interpretados por Gary Graham e Eric Pierpoint, além de observar mais atentamente as relações sociais entre extraterrestres e terráqueos.
Após o cancelamento da série, foram produzidos mais cinco filmes para a TV, todos dirigidos por Kenneth Johnson, iniciando com o excelente Missão Alien 2 (Alien Nation: Dark Horizon, 1994). A ideia era apresentar soluções para os principais problemas que surgiram na série e tentar fechar a história.

Scott Patterson e Terri Treas, em Missão Alien 2 (Foxstar Productions/ Kenneth Johnson Productions/ Twentieth Century Fox).

Nesse primeiro filme, uma nave gigantesca dos aliens recebe um sinal da Terra e resolve recapturar os escravos que desapareceram cinco anos antes. Enviam um guerreiro com a missão de preparar os vigilantes alienígenas na Terra para o retorno da nave-mãe, que também pretende levar os terráqueos como escravos. Ao mesmo tempo, os Puristas prepararam um vírus que deverá eliminar todos os aliens do planeta. Sikes e George, os dois policiais, procuram resolver os problemas. Um clima de racismo e intolerância é constante em todo o filme, além da solução do relacionamento amoroso entre o policial humano Sikes e sua amiga alien Cathy (Terri Treas). A nave alien é muito criativa, as situações são boas, não deixando nada a dever ao excelente seriado, um dos melhores da fc em sua época.
Os filmes seguintes são: Misssão Alien 3: Corpo e Alma (Alien Nation: Body and Soul, 1995); Missão Alien – O Novo Milênio (Alien Nation: Millenium, 1996); Missão Alien: O Inimigo Oculto (Alien Nation: The Enemy Within, 1996); Missão Alien: Herança Suicida (Alien Nation: The Udara Legacy, 1997).
A história também foi publicada em quadrinhos, inicialmente pela DC Comics, depois pela Malibu Comics. Além disso, vários livros com histórias no ambiente da série foram publicados entre 1989 e 1995.

 

O SEGREDO DO ABISMO (The Abyss, 1989)
Direção de James Cameron.

(Twentieth Century Fox/ Pacific Western/ Lightstorm Entertainment).

Um dos melhores filmes de James Cameron, que vinha dos sucessos com O Exterminador do Futuro (1984) e Aliens (1986), e contou com excelente elenco, incluindo Ed Harris e Mary Elizabeth Mastrantonio nos papéis centrais.
A ação se situa na base submarina Deepcore, onde uma equipe de especialistas realiza trabalhos perigosos quando são convocados como parte de uma equipe de salvamento do submarino nuclear USS Montana, imobilizado misteriosamente no fundo do oceano. Nas profundezas do mar, tem um contato imediato com seres alienígenas benéficos, entre as criações de extraterrestres mais bem elaboradas do cinema.

Mary Elizabeth Mastrantonio e Ed Harris, com uma manifestação dos aliens.

Visualmente perfeito, com grandes filmagens e efeitos especiais, o filme ainda sofreu com cortes não desejados pelos diretor, inclusive alterando o final pretendido originalmente (e que, posteriormente, pode ser visto em vídeo e DVD). Um dos melhores filmes de fc da época. O conceito artístico ficou a cargo de Ron Cobb e equipe, entre eles Jean Giraud, mais conhecido como Moebius.

 

 

O QUINTO ELEMENTO (Le Cinquième Élément, 1997)
Direção de Luc Besson.

Bruce Willis e Mila Jovovich, com seu Multipass (Gaumont).

Esse tanto pode ser visto como um filme sobre extraterrestres bondosos no planeta como sobre aliens do mal que querem nos destruir.
Uma das maiores produções do cinema francês, com 90 milhões de dólares investidos, o filme abriu o Festival de Cannes de 1997 e entrou nos cinemas do mundo inteiro com grande estardalhaço. Bruce Willis é um motorista de táxi do século 23, aposentado dos serviços especiais do exército. O filme abre com a história em 1914, no Egito, quando uma nave espacial alienígena chega à Terra e seus estranhos habitantes se comunicam com um padre a respeito da chegada, 300 anos no futuro, de um inimigo, o Mal em si, que pretende destruir toda a vida. Os padres são os guardiões dos segredos em torno de quatro pedras que representam os quatro elementos, que deverão ser unidas ao quinto elemento e, assim, derrotar esse Mal.
No futuro, quando o Mal se aproxima na forma de um planeta misterioso, o quinto elemento surge na Terra na figura da belíssima Leeloo (Mila Jovovich), que cai no táxi de Korben Dallas (Bruce Willis) e o envolve na busca pelas quatro pedras que desapareceram.

                                                                                                     Chris Tucker como o alucinado apresentador de TV.

Um filme com um ponto de partida dos mais interessantes, com cenários e efeitos extremamente bem desenvolvidos e criativos, ação bem elaborada, humor refinado. Alguns acham que o final ficou meloso demais, mas certamente não é isso não vai atrapalhar a diversão. E ainda tem Gary Oldman como um cara mau, Ian Holm como um cara bom, e Chris Tucker como o alucinado apresentador de TV Ruby Rhod. Excelente.

 

 

CONTATO (Contact, 1997)
Direção de Robert Zemeckis.

Jodie Foster, prestes a encontrar com um extraterrestre (Warner Bros./ South Side Amusement Company).

Baseado no livro Contato (Contact, 1985) de Carl Sagan, um dos cientistas mais importantes de sua época.
O filme segue a trajetória de Eleanor Arroway (Jodie Foster), desde sua infância, incentivada pelo pai (David Morse), até se tornar uma cientista importante, e sua busca para encontrar sinais de vida inteligente no universo. Ela passa por inúmeras dificuldades, em particular a descrença dos cientistas e dos políticos em financiar seu projeto, especialmente depois que passa alguns anos sem obter resultados, utilizando o rádiotelescópio do Observatório de Arecibo, em Porto Rico. Mas ela consegue ser financiada pelo bilionário S.R. Hadden (John Hurt) e passa a utilizar o complexo de radiotelescópio do Novo México.

Esperando respostas do espaço.

E, um dia, uma mensagem da estrela Vega chega à Terra fornecendo detalhes para a construção de um aparelho que permite uma viagem espacial. Entre os problemas, embutida na mensagem vêm algumas imagens que incluem o discurso de Adolf Hitler para a abertura dos Jogos Olímpicos de 1936 e, é claro, a entrada em cena de todos os políticos, militares e cientistas que inicialmente eram contra o projeto.
Seja como for, o aparelho é construído e Eleanor é deixada de lado, impedida de realizar a viagem, o que não deixa de ser uma sorte para ela, uma vez que uma sabotagem destrói o aparelho e seu chefe (Tom Skerritt) que faria a viagem em seu lugar. No entanto, um segundo aparelho tinha sido construído sob as ordens do bilionário Hadden, e Eleanor pode enfim fazer parte do projeto.
A história é narrada com perfeição por Zemeckis e, mais do que o contato em si, aborda a relação entre a ciência e a fé, entre a necessidade da sociedade moderna em ver tudo comprovado científicamente e a postura de grande parte da população, para quem basta “sentir” ou “saber” que não estamos sozinhos, que existem outros seres superiores no universo. A atuação de Jodie Foster é perfeita nesse sentido, passando por uma transformação completa ao longo de sua aventura.
Um filme maravilhoso, com efeitos visuais sensacionais e nunca exagerados. Um dos grandes momentos da FC no cinema.

 

ALÉM DO AZUL SELVAGEM (The Wild Blue Yonder, 2005)
Direção de Werner Herzog.

(Werner Herzog Filmproduktion/ West Park Pictures Produktion/ Tétra Média/ BBC/ France 2/ Centre National de la Cinématographie).

Herzog utilizou cenas reais de documentários e cenas filmadas a bordo de astronave da NASA misturadas a cenas fictícias. Brad Dourif interpreta um alienígena que, num local deprimente da Terra, narra como ele e seus conterrâneos deixaram seu agonizante planeta natal e se dirigiram à Terra, imaginando que iriam ter uma vida melhor, porém sem sucesso. Ao mesmo tempo, utilizando as filmagens com os verdadeiros astronautas terrestres e a narração do alienígena, fala da tentativa dos terrestres em explorar novos mundos. E, graças a uma descoberta fantástica, conseguem viajar rapidamente pelo espaço, chegando exatamente ao planeta natal do alienígena. O interessante do filme é a ironia da narração do alienígena e o contraponto entre humor e drama que Herzog apresenta ao longo do filme.

 

PRESSÁGIO (Knowing, 2009)
Direção de Alex Proyas.

O planeta paradisíaco para o qual os humanos são levados (Summit Entertainment/ Escape Artists/ Mystery Clock Cinema/ Goldcrest Pictures/ Kaplan-Perrone Entertainment/ Wintergreen Productions).

A história começa em 1959, quando a jovem estudante Lucinda Embry (Lara Robinson) é uma das escolhidas para colocar numa cápsula do tempo sua visão de como deverá ser o futuro. Ela escreve uma série de números aparentemente aleatórios, como se estivesse em transe. O material é colocado dentro da cápsula junto com o trabalho de outros estudantes e enterrado na escola.
Em 2009, Caleb Koestler (Chandler Canterbury) é estudante na mesma escola, filho do astrofísico John Koestler (Nicolas Cage), e ele é escolhido para ler e escrever sobre um dos materiais dos estudantes de 1959, quando a cápsula do tempo é aberta. E é justamente a série de números de Lucinda que ele recebe e que, eventualmente, seu pai percebe que não são aleatórios, mas que se referem a dados sobre desastres ocorridos nos últimos 50 anos e a um evento ainda maior que deverá ocorrer num futuro próximo.
Depois de muitos eventos, chega à conclusão de que o fim do mundo está próximo e que uma grande explosão solar está para acontecer.

Os extraterrestres luminosos.

Os alienígenas surgem ao final, quando resgatam algumas crianças terrestres e as levam para um planeta paradisíaco, para que a raça humana não seja totalmente aniquilada.
O tema está ligado ao conceito religioso do arrebatamento, aos “anjos” que, ao final dos tempos, levarão os justos para o Paraíso.

 

 

DISTRITO 9 (District 9, 2009)
Direção de Neill Blomkamp.

(TriStar Pictures/ WingNut Films).

O filme foi muito bem recebido, em particular por lidar com questões sérias como racismo e xenofobia ao contar a história dos alienígenas que chegam à Terra, mais especificamente à África do Sul, e são confinados em um gueto, onde mal conseguem sobreviver.
No que diz respeito à ficção científica, também pode ser visto como uma história de uma Terra alternativa, uma vez que a chegada dos extraterrestres em sua imensa nave-mãe ocorre em 1982.
O filme foi baseado em curta-metragem do próprio Blomkamp, Alive in Joburg (2005).

 

TRILLENIUM: VIAGEM AO INFINITO (Aeon – Countdown Im All, 2000)
Direção de Holger Neuhäuser.

(Sat.1/ Tellux Film).

Minissérie alemã, o que é raro na televisão brasileira e, nesse caso, de boa qualidade, misturando temas semelhantes aos de Arquivo X, com inúmeras intrigas políticas internacionais, e ideias da chamada Nova Era a respeito da chegada de um novo tempo em que a humanidade será transformada.
Um astronauta tenta descobrir o que realmente aconteceu com seu pai, supostamente morto durante a explosão de um foguete na Rússia. A história começou anos antes, quando um grupo de cientistas e militares fazia parte de uma operação Ômega que, entre outras coisas, estava analisando as mensagens da Cabala a partir de novos dados matemáticos, descobrindo que ela trazia informações precisas de eventos futuros.
Na mesma época é localizado um objeto se aproximando da Terra, e não é nada que possa ser identificado. Anos mais tarde, o astronauta sabe que o objeto em questão era basicamente composto de pura luz e que russos e americanos realizaram uma missão conjunta, construindo uma base na Lua e enviando uma nave ao objeto, na qual estava o pai do astronauta. Eles nunca retornaram e a base foi desativada devido a um acidente.
Os cientistas ainda envolvidos no projeto Ômega descobrem que o objeto transmitia mensagens de acordo com os conhecimentos que descobriram na Cabala, e que ele tem a capacidade de alterar geneticamente os seres humanos, como se Deus em pessoa tivesse chegado à Terra para dar à humanidade um novo começo. Em três ou quatro gerações as mutações começarão a se verificar. Para complicar tudo, um dos cientistas envolvidos no projeto se tornou um terrorista violento depois que o comandante da missão insistiu em esconder da população o que estava acontecendo, dizendo que o objeto nada mais era do que um meteoro.
Bem interessante, ainda que às vezes um tanto confuso devido a tantas variações políticas envolvidas.

 

CAPITÃO 7 (1954-1966)

(Rede Record).

Provavelmente o primeiro super-herói da televisão brasileira e, até onde se sabe, o primeiro seriado de FC na TV nacional, numa criação de Rubem Biáfora e com Ayres Campos interpretando o Capitão 7, que levava o número da emissora em que foi produzido e apresentado, a TV Record, aquela dos bons tempos.
A família do jovem Carlos (Campos), morando no interior, ajuda um ser alienígena que, em retribuição, leva o menino para ser educado em seu planeta, mais desenvolvido do que o nosso. Quando Carlos retorna à Terra, tem inteligência e força superiores às de qualquer ser humano, e ainda consegue voar. Além disso, tem um uniforme capaz de resistir a qualquer arma. Assim, observa os problemas da Terra e ajuda a combater o que há de errado. Os primeiros episódios eram apresentados ao vivo.
A partir de 1959 o super-herói passou a surgir também nas revistas em quadrinhos, com desenhos dos melhores ilustradores da época, entre eles o lendário Jayme Cortez, com histórias que seguiram até 1964.

 

LEVER NO ESPAÇO (1957)
Direção de Cassiano Gabus Mendes.
Uma das primeiras séries de FC da TV brasileira. O estranho título se deve ao patrocínio da Lever, atual Gessy Lever. Seres do planeta Verúnia, um planeta destroçado por guerras nucleares, visitam a Terra, que consideram um local paradisíaco. Ao mesmo tempo, um cometa está em curso de colisão com a Terra e os aliens resolvem ajudar com sua tecnologia avançada. Eles querem uma troca: eles salvam o planeta do cometa e nós, terráqueos, nos esforçamos para mantê-lo como está. Os vilões eram grupos armamentistas que tentavam boicotar o acordo entre a Terra e Verúsia. Beatriz Segall era uma das alienígenas e Lima Duarte um jornalista.
Diz-se que foi uma produção imensa para a época, rodada ao vivo nos estúdios da TV Tupi com cenários imensos. As cenas externas eram gravadas em 16 milímetros e inseridas ao longo da exibição. Foram apresentados 23 episódios de 30 minutos, em preto e branco.

 

OS ESTRANHOS (1969)
Direção de Gonzaga Blota.

(TV Excelsior).

Novela de Ivani Ribeiro apresentada na TV Excelsior, canal 9, e ao que se sabe a única novela de FC produzida e apresentada na televisão brasileira até o surgimento de Amazônia (1991-1992).
Quatro estudantes do planeta Gama Y-12 ganham como prêmio de formatura uma viagem à Terra, planeta escolhido por eles. Estacionam sua nave numa praia de Santos e entram em contato com um famoso escritor de romances policiais, interpretado por nada menos do que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Não se tem notícia de qualquer reapresentação da novela ao longo dos anos, nem mesmo se as cópias ainda existem. O elenco tinha Márcia de Windsor, Carlos Zara, Rosamaria Murtinho, Vida Alves, Alexandre Araújo, Osmar Prado, Márcia Real, Cleide Blota, Gianfrancesco Guarnieri, Regina Duarte, Stênio Garcia e Átila Iório.

 

THE POWERS OF MATTHEW STAR (1982–1983)
Criação de Steven E. DeSouza.

(Daniel Wilson Productions Inc./ Paramount Television/ NBC).

Peter Barton interpreta o alienígena Matthew Star, um príncipe do planeta Quadris que vem para a Terra quando seu planeta é tomado por déspotas. Aqui, ele assume identidade terrestre e vai estudar numa escola onde seu protetor Walt Shepherd (Louis Gosset Jr.), também de seu planeta, é professor de ciências. Matthew tem poderes como telecinese e telepatia, e acaba ajudando o governo dos EUA em algumas ocasiões.

 

OUT OF THIS WORLD (1987–1991)

(Bob Booker Productions/ MCA Television).

A série gira em torno da jovem Evie Ethel Garland (Maureen Flannigan), filha do alienígena Troy (Burt Reynolds), do planeta Antares, com a terrestre Donna Garland (Donna Pescow). Quando faz 15 anos ela descobre a verdade e também que tem alguns poderes especiais, como o de parar o tempo. Ela tenta manter seu segredo dos demais humanos ao mesmo tempo em que se envolve em algumas confusões.