O livro de Eduardo Spohr é gigante, na proposta ousada e na realização. O subtítulo já indica o imenso período de tempo coberto pela história – Da Queda dos Anjos ao Crepúsculo do Mundo. E como ele também se refere ao período anterior à queda dos anjos, na época em que Deus/Yaweh criou os arcanjos para combater o Mal no universo, estamos falando de um período de tempo que chega próximo de nossa noção de eternidade.
Não se pode dizer que é uma tarefa pequena, ou fácil, elaborar uma história tendo em vista esses ingredientes temporais e históricos. Mas Eduardo Spohr o fez, e fez bem.
Nos últimos anos, surgiram inúmeros livros e filmes cujos personagens centrais são os anjos, em particular considerando sua ação entre os humanos, e é preciso dizer que muitas dessas obras são superficiais, muitas vezes voltadas para um público adolescente, fãs de Crepúsculo e coisas do gênero.
Não é o caso de A Batalha do Apocalipse, uma tentativa honesta de abordar um tema recorrente – e atual, com a onda 2012 batendo à porta – com uma visão mais ampla, ainda que apresentando as hostes angelicais de um ponto de vista que tem se tornado comum, pelo menos desde o filme Anjos Rebeldes (The Prophecy, 1995), que apresentava o anjo Gabriel como um anjo, digamos, não muito bom, e se referia a uma guerra entre os anjos em curso no Céu, com repercussões na Terra.
O livro também trata dessa guerra, ainda que aqui o arcanjo Miguel seja um dos vilões, enquanto Gabriel tem uma participação um tanto diferente. O querubim Ablon é um dos heróis, um anjo renegado, recusando-se a abandonar os seres humanos tão maltratados pelo desejo de poder dos arcanjos. E, condenado a viver a eternidade na Terra, não só adquire imenso conhecimento sobre as coisas dos homens, mas também cresce em poder angelical, preparando-se para o final dos tempos, com a ajuda constante da bruxa Shamira, a feiticeira de Endor.
Uma obra que vale a pena ser conhecida e discutida.
A BATALHA DO APOCALIPSE
Eduardo Spohr
Verus Editora
587 páginas.