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O QUE FAZER DEPOIS DO FIM DO MUNDO?

ESPECIAIS/VE FIM DO MUNDO

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data15/05/2015
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A ficção científica apresentou inúmeras possibilidades para a reorganização da sociedade após o fim do mundo.

Um ditado popular diz que “a crise revela”, no sentido de que em momentos de crise, de pressão, das mais variadas dificuldades, as pessoas deixam aflorar seu verdadeiro caráter, aquele que está escondido, ou melhor, contido pelas restrições impostas pela vida em sociedade e pelas punições que determinados tipos de comportamento acarretam numa sociedade razoavelmente organizada.
Numa destruição global, na qual os vínculos sociais são extintos, com as regras de convivência tão arrasadas quanto a sociedade, sem um poder estabelecido e reconhecido, as atitudes das pessoas podem ser muito diferentes das que tinham antes da catástrofe.
Esse parece mesmo ser o ponto central da maior parte das histórias sobre cataclismos mundiais, nucleares ou de outros tipos. A ficção científica abordou essas diferentes atitudes, individuais ou de grupos de sobreviventes, sob os mais diferentes pontos de vista. A diferença evidente com outras histórias do gênero que apresentam sociedades futuras – sejam elas utópicas ou distópicas – é que, no caso de um cataclismo, a sociedade não passou por uma evolução constante, mas foi “zerada”, na marra, para recomeçar do jeito que fosse possível, para o bem ou para o mal. A última possibilidade tem sido a mais utilizada ao longo dos anos.

Os historiadores da ficção científica geralmente apontam os livros de Mary Shelley, The Last Man (1826), e de Richard Jefferies, After London (1885), como aqueles que inauguraram o gênero – após A Epopeia de Gilgamés e da Bíblia, é claro.
Na obra de Mary Shelley – que já havia “inaugurado” a moderna ficção científica com seu Frankenstein (1818) – uma praga varre a Europa e estende-se até o Oriente Médio, deixando apenas um sobrevivente em Roma. Já o livro de Jefferies é apontado pelo crítico e editor Peter Nicholls como o primeiro exemplo de história do gênero com um formato moderno, e que seria repetido inúmeras vezes no século 20. No caso, a história é situada milhares de anos após uma catástrofe que aniquilou o planeta, originando o surgimento de uma nova civilização.

O grande escritor norte-americano Jack London também experimentou nessa área, com seu A Praga Escarlate (The Scarlet Plague, 1915), história publicada originalmente na London Magazine, em 1912. A história é narrada pelo último ser humano que ainda tem lembrança de como eram as coisas antes da destruição quase total da humanidade e sua regressão para um estágio tribal. O problema, no caso, é que ele tenta repassar essas memórias para as gerações futuras, mas seus netos não têm quaisquer referências para saber do que ele está falando, e mal conseguem entender sua linguagem.

Tudo indica que a primeira grande obra da FC que lidou com o fim da civilização a partir de um ponto de vista ecológico foi Só a Terra Permanece (Earth Abides, 1949), de George R. Stewart. E isso numa época em que pouquíssimas pessoas falavam sobre o assunto, mesmo nos meios científicos.
Da leitura da obra também é possível retirar um verdadeiro manual do que acontece nas histórias após um cataclismo mundial, com um, vários ou todos os itens levantados surgindo em diversas histórias nas décadas seguintes:
1. Destruição das pessoas, da sociedade, em maior ou menor escala;
2. Tudo ocorre muito rapidamente;
3. A narrativa não se concentra no acontecimento em si, mas no que acontece depois;
4. Os poucos sobreviventes estão isolados, destruídos moral, mental e fisicamente; alguns mais fortes lideram as ações;
5. O personagem (ns) central (is) sobrevive (m), muitas vezes sem saber muito bem de que forma;
6. Os sobreviventes iniciam explorações iniciais, para se inteirar da situação em que se encontram e procurar formas de se alimentar e enfrentar as dificuldades; aproveitam os restos da civilização;
7. Vagueiam pelo país tentando encontrar algum tipo de governo que tenha permanecido, procurando segurança;
8. Os grupos podem aumentar, à medida que novos sobreviventes vão sendo encontrados pelo caminho;
9. Os sobreviventes podem ser exemplos do que havia de pior ou de melhor na antiga civilização, representando novos avanços na organização do grupo ou ameaças;
10. Com o tempo, os artefatos da antiga civilização vão perdendo sua utilidade, estragando-se, e sendo substituídos por novos objetos; a natureza volta a ocupar seu espaço original, dominando as cidades;
11. Se a história pretende seguir por muitos anos no futuro, apresenta-se a formação de uma nova sociedade, com outras regras e necessidades, às vezes com os conhecimentos do passado sendo vistos como parte de uma mitologia;
12. Podem surgir novos problemas, como a dificuldade de repassar conhecimentos e informações para as novas gerações, para as quais o mundo antigo pode não fazer sentido ou ter importância. O meio ambiente determina o grau necessário de conhecimento; por exemplo, para os que nasceram no mundo após apocalipse, de nada adianta saber como funcionava um automóvel, se tudo o que eles têm ou precisam é de um cavalo.
13. Dependendo do conceito que o autor pretende passar na história, pode ocorrer que, após um longo período de desenvolvimento da nova sociedade, ela passe novamente por momentos de conflito, como os que existiam antigamente, fechando um ciclo de nascimento, destruição e renascimento.
Claro que esses itens não são seguidos rigidamente pelos autores, mas representam apenas um roteiro possível para as histórias. Mas, por exemplo, quem acompanha o seriado The Walking Dead, poderá identificar vários deles ao longo do enredo. E isso mais de 60 anos após o livro de Stewart ter sido publicado.

A importância de Só a Terra Permanece para as histórias do gênero é inegável. Porém, já em 1943, o escritor francês René Barjavel (1911-1985) escrevia uma obra igualmente fundamental, ainda que menos conhecida: Devastação, ou A Volta à Natureza (Ravage. Ed. Artenova, 1973). Talvez seja uma das mais violentas, irônicas e iradas visões de um futuro aterrorizante para a humanidade. O evento básico para a queda da civilização no ano de 2052 é o fim da energia elétrica. É o mesmo mote para os eventos catastróficos do seriado Revolution (2012), com a diferença de que na série os humanos são responsáveis diretos pelo que ocorre.
Barjavel era conhecido por apresentar o aspecto desumanizante do avanço tecnológico desenfreado, levando à perda de valores, e em Devastação atinge seu auge, ainda que sempre com humor. O fim da energia elétrica leva um mundo já bastante complicado ao caos, e a ação centra-se no personagem François Deschamps, que reúne em torno de si um grupo de sobreviventes. A história avança muitos anos, com Deschamps centenário, e com o grupo que ele criou transformando-se numa sociedade de mente fechada, ditatorial, machista e sem grandes perspectivas de evolução.
Além da narrativa cativante, o livro é interessante porque Barjavel critica duas formas opostas de organizar uma sociedade, sem tomar posição, e é igualmente mordaz com relação a elas e a quase todos os aspectos da natureza humana.

Outro autor que causou impacto e teve influência nesse tipo de história foi John Wyndham (1903-1969), um dos mais importantes escritores ingleses de ficção científica. O escritor, editor e crítico canadense John Clute escreveu que, ainda que Wyndham não tenha inventado as histórias de desastres na Inglaterra, ele certamente definiu alguns de seus padrões, tais como a cidade despovoada pela catástrofe, o êxodo dos sobreviventes, com cenas de pânico e bravura, o foco num grupo pequeno, porém crescente, de sobreviventes que procuram algum tipo de santuário, e a tentativa de reestabelecer uma sociedade.
Um de seus principais livros do gênero é Os Mutantes (Rebirth, 1955. GRD) – originalmente publicado com o título As Crisálidas (The Chrysalids. Caminho FC 5, Portugal, 1985). Uma catástrofe nuclear provoca mutações, tanto nos humanos sobreviventes quanto na natureza. A sociedade que se forma muito tempo após o evento segue uma orientação religiosa extremada, com os humanos que não sofreram mutações querendo eliminar os “desvios”, as alterações genéticas provocadas pelas radiações vindas das regiões mais afetadas pelas bombas nucleares. Nesse ambiente opressivo, um grupo de jovens percebe que suas vidas correm risco quando se dão conta de que desenvolveram imensos poderes telepáticos, e resolvem manter segredo de sua condição. É um dos grandes livros do gênero, e mais um daqueles que, hoje em dia, só se encontra em sebos.

Como mostrar a vida humana na Terra após a vida ter sido destruída? Parece uma contradição, algo quase impossível. Mas foi o que o escritor inglês Nevil Shute conseguiu em A Hora Final (On the Beach, 1957. Ed. Civilização Brasileira). Para tanto, ele imaginou que após uma guerra nuclear mundial, apenas alguns habitantes da Austrália sobreviveram, e a narração centra-se nas atitudes dessas pessoas enquanto aguardam que as condições climáticas levem até eles a destruição radioativa que aniquilou o planeta.
É uma história triste, apresentando personagens muito bem desenvolvidos, vivendo diferentes situações; alguns agem de forma alucinada, fazendo todo tipo de loucura; outros fazem planos para um futuro que sabem que não existe. Tentam manter o que lhes resta de humanidade, de dignidade, mas é tudo sem sentido.
O livro teve uma excelente adaptação para o cinema em 1959 (com o mesmo título), com direção de Stanley Kramer e elenco que trazia Gregory Peck, Ava Gardner, Fred Astaire e Anthony Perkins, alguns dos maiores nomes da época. Uma refilmagem com o mesmo titulo foi produzida em 2000.

A ideia de destruição e reconstrução do mundo é constante nas histórias sobre o fim do mundo, e um dos melhores é, sem dúvida, Jornada de Esperança (Greybeard, 1964. Ed. Cultrix, 1976), de Brian W. Aldiss, um dos maiores autores da ficção científica. O editor David Pringle chegou a listá-lo entre os 100 melhores livros de ficção científica.
Mais uma vez, a radiação é responsável pelo retrocesso da civilização a um estado de barbarismo, porém acompanhado de uma loucura quase generalizada que dá origem a todo tipo de boatos sem sentido, como o de que os gnomos estão voltando ao planeta.
O Greybeard do título original, que ainda mantém pensamentos racionais, resolve abandonar sua aldeia com a esposa e, pelo caminho, encontra o futuro do planeta, com a natureza reocupando o espaço antes dominado pelos humanos, e novas crianças nascendo e formando sua própria civilização, longe dos erros que os velhos sobreviventes continuam cometendo.
É difícil dizer se esse é realmente o melhor livro de Brian Aldiss, porque ele tem muitos trabalhos fantásticos – inclusive o clássico A Longa Tarde da Terra – mas traz tanto uma crítica ao que a sociedade humana tem de pior quanto um alento, uma imagem de esperança quanto ao que ainda pode ser feito pelo planeta.

A reconstrução após o fim do mundo pode atingir contornos fantásticos, como no caso de Depois da Bomba (Dr. Bloodmoney, or How We Got Along After the Bomb, 1965. Argonauta 309, Portugal), de Philip K. Dick.
Além de apresentar uma sociedade que tenta se reestruturar após uma guerra nuclear, o autor também trabalha com um conceito que iria explorar em outras obras, como O Deus da Fúria, Valis e A Invasão Divina. É a ideia de um mal universal, algo que se encontra à solta no planeta e que, em algumas situações, pudesse ser controlado por uma única pessoa.
Um dos pecados da história – como de tantas histórias do gênero – é datar o evento (no caso, em 1981). Seja como for, o livro traz algumas das marcas registradas do autor: humor negro, cinismo, imagens surrealistas, pessoas comuns atingindo o status de heróis. E, principalmente, a dificuldade em separar o que é real do que é irreal, o racional da loucura.
O responsável pelo início dos problemas da humanidade acredita que as pessoas podem ler seus pensamentos e saber quem ele é, fica completamente louco e começa a abençoar pessoas, tentando refazer o que foi destruído. Animais tornam-se inteligentes, mutações andam por todos os lados, mas as pessoas continuam vivendo como se nada tivesse acontecido e tudo aquilo fosse normal. É como se as bombas tivessem libertado a loucura no planeta, e à medida que os eventos prosseguem o aspecto fantástico desse novo mundo se acentua. Muitos tentam adaptar-se aos novos tempos, mas continuam tentando recuperar a vida num formato que jamais existirá novamente.
Esse excelente momento da literatura de ficção científica encontra seu par, com o mesmo Philip K. Dick, no já citado O Deus da Fúria (Deus Irae, 1976. Argonauta 305, Portugal), escrito em parceria com outro gigante do gênero, Roger Zelazny. A parceria não foi muito bem recebida por alguns críticos, mas o resultado final é excelente.
Mais uma vez, Dick escolheu como cenário um mundo futuro arrasado por uma guerra, e nesse ambiente elabora alguns de seus principais conceitos a respeito de religião e da presença constante de uma entidade malévola em nosso planeta, permeando todas nossas relações.
Nesse novo mundo repleto de seres mutantes, os poucos sobreviventes desenvolveram uma nova religião, cultuando o “deus da fúria”, aquele que trouxe a destruição. Para o autor, o mundo nunca foi salvo, ao contrário do que diz o Cristianismo, e o deus bom jamais esteve no controle das ações.

Conheça outros livros com o mesmo tema

Heróis e Bandidos
Kronk
Malevil
Memórias de um Sobrevivente
O Palácio dos Pervertidos
Depois da Catástrofe
A Superfície do Planeta
A Humanidade Artificial
Império do Átomo
O Império dos Mutantes
Não Verás País Nenhum
A Terceira Expedição
Blecaute
Os Filhos do Rio



O QUE FAZER NO CINEMA?

 

As histórias da ficção científica invadiram o cinema com força total a partir da década de 1950, abordando os mais variados temas e com produções que variavam do medíocre ao excelente.

Uma das primeiras, senão a primeira produção a abordar a vida na Terra após um holocausto nuclear foi Os Últimos Cinco (Five), em 1951, com direção de Arch Oboler, que não foi exatamente um diretor dos mais destacados. O filme também não chega a empolgar, apesar de ser acima da média da época. Parte da ideia de que após uma guerra nuclear, apenas cinco pessoas sobrevivem nos EUA e reúnem-se numa mansão no alto de uma colina e discutem seus problemas. Não vai muito além disso.
Em 1956, em seu primeiro filme de ficção científica, o lendário Roger Corman dirigiu Day the World Ended, com uma história parecida e, como se tornou sua marca registrada, com orçamento minúsculo. O grupo de sobreviventes também encontra abrigo numa montanha; a diferença é que do lado de fora criaturas começam a sofrer mutações e ameaçar os sobreviventes.
O crítico Phil Hardy diz que o filme estabelece algumas relações com o mito do Jardim do Éden. Vai saber. Ao que se sabe, continua inédito no Brasil.
Corman voltaria ao tema em The Last Woman on Earth (1960), apresentando três sobreviventes da guerra nuclear. Os dois homens iniciam a disputa pela última mulher no planeta.



Muito mais interessante do que as tentativas anteriores foi O Diabo, a Carne e o Mundo (The World, the Flesh and the Devil, 1959), dirigido por Ranald MacDougall, mais conhecido por seus trabalhos como roteirista.
Diz que a história foi inspirada pelo livro The Purple Cloud (1901), de Matthew Phipps Shiel. Atualiza o tema, colocando três sobreviventes de uma hecatombe nuclear na cidade de Nova York, e abre espaço para discussões sobre o racismo e a convivência pacífica entre as pessoas. Um dos sobreviventes é um negro (Harry Belafonte); outro é um branco preconceituoso; e a terceira uma jovem branca, que inicia um relacionamento com o negro. Está armado o palco para uma série de discussões, que culminam com uma verdadeira caçada pelas ruas vazias de Nova York, com os dois homens tentando matar-se.




Harry Belafonte, nada feliz com a presença de Mel Ferrer, na disputa por Inger Stevens, a última mulher do planeta, em O Diabo, a Carne e o Mundo (HarBel Prod.).

Segundo Phil Hardy, o final é incomum para um filme dos anos 1950, com Belafonte depondo sua arma e os três resolvendo viver em paz. Hardy diz que um crítico afirmou que esse final marca o desaparecimento de dois ideais muito prezados pela civilização ocidental: a monogamia e a pureza racial.


Um dos destaques do filme O Diabo, a Carne e o Mundo: as imagens da cidade totalmente vazia, palco da disputa dos dois homens.

Uma versão muito boa dessa história foi produzida em 1985. É Terra Tranquila (The Quiet Earth), produção neozelandesa dirigida por Geoffrey Murphy. Não se trata de uma refilmagem, uma vez que é baseada em livro de Craig Henderson, mas as semelhanças são grandes.

Outra abordagem da vida após a guerra nuclear é a de Pânico no Ano Zero (Panic in the Year Zero, 1962). O grande ator Ray Milland está no papel principal e também dirige. Ele é o chefe de uma família, com esposa e dois filhos adolescentes; eles conseguem fugir de Los Angeles antes da bomba destruir a cidade, e refugiam-se numa caverna.


Em fuga, a família observa uma explosão nuclear ao longe, em Pânico no Ano Zero (AIP).

Existem muitos aspectos interessantes no filme, uma pequena produção sem quaisquer efeitos especiais, sustentando-se na história e nas interpretações. Segue um dos conceitos apresentados nas histórias do gênero, de que numa situação limite como a que se apresenta, as pessoas precisar tomar decisões duras, às vezes muito distantes de sua natureza anterior. No caso, a família começa a perceber uma mudança na personalidade do pai, que se torna bastante exigente e duro em suas decisões. Eles demoram a aceitar a situação, até que a filha é violentada por um grupo de jovens sobreviventes e seu irmão mata todos eles sem hesitação.


Um apocalipse de origem não determinada é apresentado em O Mensageiro (The Postman), filme de 1997, dirigido e estreado por Kevin Costner. A produção é baseada no livro com o mesmo título (1985), de David Brin, um dos mais populares e principais autores de ficção científica do final do século 20, que recebeu o prêmio John W. Campbell. Até onde se sabe, o livro jamais foi traduzido para o português, apesar de alguns livros de Brin terem sido editados em Portugal (Estação da Glória; A Guerra da Elevação; Maré Alta Estelar; Terra; Filhos do Exílio).
Como havia ocorrido com seu Waterworld, dois anos antes, o filme foi um fracasso de bilheteria e recebeu algumas críticas bem ruins, o que é um tanto incompreensível. Trata-se de uma história muito boa e um dos melhores momentos da ficção científica no cinema da época, apresentando uma sociedade desmembrada, sem governo, com pequenas comunidades isoladas tentando se sustentar como podem, enquanto um homem tenta montar seu próprio exército e exercer o poder de forma ditatorial.


Kevin Costner, em O Mensageiro (Warner).

O postman do título, o carteiro, é apenas um sujeito que pega o uniforme de carteiro de um cadáver, para se aquecer, e leva a mala de correspondências para uma comunidade, pensando em obter comida e abrigo. Só que as comunidades estão prontas e desejosas de acreditar que algum tipo de governo está sendo restaurado, dando início a uma transformação na situação de opressão em que se encontravam. Ele até inventa o nome do suposto presidente dos Estados Unidos: Richard Starkey – para quem ainda não sabe, o nome de Ringo, baterista dos Beatles.

 

O mundo destruído e em processo de reconstrução, em O Livro de Eli (Sony).

O mundo voltou a sofrer com um apocalipse nuclear em O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010). Na comparação pura com o filme de Kostner, é inexplicável que este tenha sido um relativo sucesso de bilheteria e até de críticas. Tem uma história de qualidade inferior, é repleto de clichês do gênero e ainda apresenta a Bíblia como o maior e mais procurado segredo de um mundo arrebentado, dividido em gangues maltrapilhas, salteadores com péssimas intenções, e um grupo que pretende reviver os melhores momentos da humanidade.
Denzel Washington é um molambento andarilho que entra em choque com o grupo do mal, comandado por Gary Oldman, mais uma vez como o vilão, mas consegue levar a melhor. Não traz absolutamente nada de novo ou realmente intrigante.


Denzel Washington, o andarilho que carrega o livro sagrado, em O Livro de Eli.



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