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OS MUNDOS SUBTERRÂNEOS

ESPECIAIS/VE MUNDOS PERDIDOS

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data22/05/2023
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A ideia de que possam existir mundos perdidos no interior da Terra é bem antiga.

Frank Frazetta.

Muitas histórias já exploraram o conceito de que civilizações perdidas podem existir no interior do planeta. Elas são baseadas em crenças antigas, algumas de origem esotérica ou espiritual, como no caso da lendária cidade de Agartha, que se localizaria nas profundezas da Terra, abaixo do Tibete, e habitada por seres considerados semideuses. A mitologia europeia, especialmente a germânica, já falava dos anões, que viveriam em cavernas, e ainda antes disso diversas religiões, como a grega antiga, referiam-se à existência de um mundo subterrâneo.
Curiosamente, foi um célebre cientista que apresentou o conceito da Terra Oca. Em 1692, o astrônomo, matemático e físico Edmond Halley (1656-1742) – que, entre tantas realizações, calculou a periodicidade do cometa que, em 1758, levou seu nome – considerou a ideia de que a Terra fosse oca, formada por uma concha com 800 quilômetros de espessura, além de duas conchas internas concêntricas e um centro mais profundo. Segundo Halley, essas conchas seriam separadas por atmosferas e cada qual teria seus próprios polos magnéticos, e cada qual com rotações em velocidades distintas.

Ilustração do livro Nicolaii Klimii, de 1741, mostrando um dos seres habitantes da Terra Oca.

Esse conceito iria influenciar o escritor, filósofo e historiador norueguês Ludvig Holberg (1684-1754) a escrever Nicolaii Klimii iter Subterraneum, em 1741 (também conhecido pelos títulos posteriores: A Journey to the World Under-Ground. By Nicolas Klimius; The Journey of Niels Klim to the World Underground; A Journey to the World Underground). O livro foi apresentado como uma sátira, contando a história de um jovem norueguês, o Nicolai Klim do título, que, ao explorar uma caverna, cai em um buraco e se vê flutuando no ar, em órbita de um planeta em torno de um sol interior, no qual eventualmente ele cai e vive uma série de aventuras.
Adam Roberts cita outras obras que também exploraram o mundo interior: Mundus Subterraneus (1678), de Athanasius Kircher (1602-1680); a obra anônima francesa Relation d’un Voyage du pole arctique au pole antarctique par le centre du monde (1722), no qual os viajantes caem de um polo ao outro pelo centro da Terra, e têm uma visão de um sol interior; A Voyage to the World in the Centre of the Earth (1755), texto anônimo inglês, descrevendo uma utopia no interior do planeta; Lamekis, ou les voyages extraordinaires d’um Égyptien dans la terre intérieure (1787), de Charles de Fieux; em 1788 foi a vez de Giacomo Casanova com Icosameron.
Todas essas obras geralmente são apontadas como alguns dos representantes mais antigos da ficção científica, mas não entram na classificação proposta por alguns dos críticos e que apresentamos na matéria inicial; ou seja, ainda fazem parte do “mundo aberto”, ainda não mapeado e sujeito às especulações mais fantasiosas.

                                                                                                                                                                            (Wilder Publications/ 2009).

As coisas começam a mudar em 1818, quando o americano John Cleves Symmes de certa forma revitalizou a antiga teoria da Terra Oca apresentada por Halley, sugerindo que existiriam entradas para o interior nos dois polos da Terra, e que essas entradas teriam curvaturas tão graduais que alguém poderia entrar sem sequer perceber o que tinha acontecido.
O conceito de Symmes foi satirizado na obra Symzonia: A Voyage of Discovery (1820), de Adam Seaborn, um pseudônimo de autor que nunca foi claramente identificado. A história é narrada pelo Capitão Seaborn, descrevendo sua viagem ao polo sul em 1817 com a intenção de entrar na Terra Oca e sair no polo norte. No interior do planeta ele encontra o continente da Symzonia, uma utopia avançada.

(Clássicos Zahar/ 2016).

Júlio Verne deu o passo seguinte com Viagem ao Centro da Terra (Voyage au Centre de la Terre, 1864), um de seus maiores sucessos e ainda hoje fonte de inspiração para inúmeros filmes. A história segue a aventura do Professor Lidenbrock, que estuda textos escritos por Arne Saknussemm, do século 16, no qual ele diz que chegou ao centro da Terra. Lidenbrock resolve tentar chegar ao local, em companhia de seu sobrinho Axel e o guia Hans. Para tal, vão à Islândia e encontram a entrada para o mundo subterrâneo na base de um vulcão (o Snæfellsjökull, que realmente existe), navegando por um rio subterrâneo e encontrando um mundo interior com um oceano, um teto altíssimo com nuvens e iluminação constante. Também encontram vários animais pré-históricos e o corpo preservado de um homem primitivo. No entanto, em momento algum Verne dá a entender que segue a teoria da Terra Oca, mas apenas a possibilidade da existência de imensas cavernas no subterrâneo do planeta.

                                                                                                                              Capa de Virgil Finlay (Dodd, Mead & Co./ 1959).

Depois de muitas aventuras e perigos, eles acabam sendo expelidos pela chaminé de um vulcão, e descobrem que é o Stromboli, na Itália. Segundo John Clute, “(...) a edição revisada, que intensifica a ação e expande os debates dos protagonistas sobre a evolução, conduz de forma mais completa o que se tornou o frisson marca registrada de Verne, pelo menos nos primeiros livros: um senso de claridade moral e até compaixão (os vilões são muito raros); a segurança dos números (era comum ter múltiplos protagonistas). E a percepção de chegar muito perto, mas nunca ultrapassar a margem do conhecido”. Clute ainda lembra que a forma como apresentou os três protagonistas no livro – um cientista brilhante, mas obsessivamente impaciente, o sobrinho bem mais cauteloso, e o guia quase mudo, mas extremamente sábio – seria um modelo que Verne usaria pelo resto de sua carreira.
Adam Roberts diz que “Enquanto as fantasias subterrâneas anteriores tendem a introduzir com rapidez os protagonistas nos domínios subterrâneos, para que os diversos prodígios utópicos ou de algum outro tipo possam ser elaborados, o leitor chega à metade da novela de Verne antes de ter sequer um vislumbre do interior do extinto vulcão islandês (...)”. Ele continua dizendo que “A eficiência da narrativa depende parcialmente do senso de realismo com o qual ela barganha sua história, isto é, da crença tácita do leitor de que uma expedição subterrânea seria de fato como essa visão de extrema e perigosa exploração de cavernas, sem o acesso imediato às terras férteis de Symzonia”.

(Roy Glashan's Library/ 2019).

Algumas obras seguiram no encalço de possíveis civilizações subterrâneas, como foi o caso de A Raça Futura (The Coming Race, 1871), de Edward Bulwer-Lytton. A obra ficou mais famosa por ter sido associada a supostos fatos reais do que pela qualidade em si; a busca pelo vril, uma suposta fonte de poder e energia, chegou a ser tentada pelos nazistas e, segundo alguns pesquisadores, até mesmo antes disso já existia uma "sociedade do vril".
Uma sociedade feminista foi apresentada no livro Mizora (1880-81) , e um ataque direto ao feminismo surgiu em Pantaletta: A Romance of Sheheland (1882), de Mrs. J. Wood, que na verdade é o pseudônimo de um autor masculino, o jornalista americano William Mill Butler. Ele apresenta um personagem que chega ao mundo subterrâneo mais ou menos no estilo da Terra Oca de Symmes, por uma entrada no polo norte. A sociedade que encontra é governada de forma tirânica por mulheres, com os homens sendo obrigados a usar roupas femininas e a se barbear. Segundo John Clute, posteriormente Butler disse ter mudado seus pontos de vista.

                                                                                                                                                            (Charles H. Kerr & Company/ 1894).

Clute também ressalta que muitos dos livros da época utilizaram o tema das sociedades subterrâneas ou da Terra Oca como forma de apresentar os mais distintos pontos de vista, como visto nos livros citados acima. Da mesma forma ocorreu com From Earth’s Center: A Polar Gateway Message (1894), do engenheiro e inventor americano S. Byron Welcome, que tomou como ponto de partida um tipo de imposto proposto pelo economista Henry George para compor sua história, que apresenta uma entrada para a Terra Oca no estilo da proposta por Symmes. No interior, os protagonistas encontram um país chamado Centralia, no qual os habitantes falam inglês, uma sociedade utópica na qual o capitalismo não-intervencionista é controlado por uma espécie de socialismo que detém a posse da terra, tudo ajudado por alta tecnologia baseada na eletricidade.

(John Uri Lloyd/ 1895).

Em Al-Modad: Or, Life Scenes Beyond the Polar Circumflex (1892), de M. Louise Moore, publicado anonimamente, ocorre uma combinação de ocultismo e anarquismo, com os protagonistas chegando a um mundo subterrâneo no Ártico, mais uma utopia baseada no socialismo e na qual não existem as restrições do cristianismo, de modo que as pessoas praticam o nudismo; essa sociedade também tem tecnologia mais avançada, com as pessoas vivendo mais e comunicações com outros planetas já tendo sido estabelecidas.
Em 1895 John Uri Lloyd publicou por conta própria o livro Etidorhpa, or The End of the Earth: The Strange History of a Mysterious Being and the Account of a Remarkable Journey, em que o narrador da história é levado para um mundo perdido no interior do planeta por um homem cego; lá, ele fica conhecendo formas superiores de amor; não por acaso, o título do livro é o nome Aphrodite ao contrário. John Clute disse que o livro ficou conhecido por seus ataques amargos contra as ciências racionais, preferindo centrar-se na iluminação ocultista. É outro livro com geografia derivada das teorias de Symmes.

As histórias mais conhecidas são, certamente, as de Edgar Rice Burroughs envolvendo o mundo subterrâneo de Pelucidar, publicadas a partir de 1914.

Mas existem inúmeras outras abordando o tema de diferentes maneiras. Veja a seguir algumas delas.


THE CAVERN OF FIRE (1888)

Francis W. Doughty.
Publicado com o pseudônimo Allyn Draper, com o título completo de The Cavern of Fire; or, the Thrilling Adventures of Professor Hardcastle & Jack Merton, em oito partes, em The Boys of New York. Segundo David Langford e John Clute, a história parte da teoria de que os povos pré-colombianos conhecidos como “mound builders” eram descendentes dos antigos gregos, e também segue a teoria de que a Terra é oca e povoada.


 


BENEATH YOUR VERY BOOTS (1889)

C.J. Cutcliffe Hyne.
O título completo é Beneath Your Very Boots: Being a Few Striking Episodes from the Life of Anthony Merlwood Haltoun, Esq., e apresenta um mundo perdido situado em cavernas abaixo da Inglaterra. A sociedade local é formada por pessoas que se refugiaram do mundo acima e estabeleceram uma espécie de utopia com tecnologia avançada.


THE GODDESS OF ATVATABAR (1892)

William R. Bradshaw.

(J. F. Douthitt/ 1892); (Leonaur Ltd./ 2010).

Com o título completo The Goddess of Atvatabar: Being the History of the Discovery of the Interior World and Conquest of Atvatabar. É mais uma obra seguindo a teoria da Terra Oca de Symmes, com um sol interior sustentando a vida, em uma sociedade avançada que inclui aviões e “asas pessoais” movidas por algo semelhante a eletricidade. Também existe um culto ao amor que envolve sexo sem orgasmo como uma forma de obter juventude eterna. O protagonista é alguém que vem do mundo superior e cujas ações levam a uma revolução na sociedade, incluindo uma guerra civil.



THE LAND OF THE CHANGING SUN (1894)

Will N. Harben.

(Armchair Fiction/ 2016).

Uma sociedade chamada Alpha é estabelecida em cavernas abaixo do Ártico, 200 anos antes da história narrada, por ingleses com grandes conhecimentos científicos. O local recebe iluminação e calor de um sol artificial, e tem um sistema de eugenia que ordena o exílio daqueles considerados imperfeitos. O mundo deles é ameaçado pelo avanço do magma e eles têm de deixar Alpha em submarinos.

 

 


THE SUNLESS CITY (1905)

James E. Preston Muddock.

(Book Depository Limited/ 2009).

Um Professor Josiah Flonatin utiliza um submarino para explorar um lago subterrâneo nas Montanhas Rochosas e, aparentemente, o lago não tem fundo. O local abriga uma cidade pavimentada com ouro e governada por mulheres.

 

 


THE SMOKY GOD, OR A VOYAGE TO THE INNER WORLD (1908)

Willis George Emerson.

(Forbes and Co./ 1908).

Mais uma Terra Oca no estilo proposto por Symmes. O protagonista chega ao interior da Terra através de uma entrada no Ártico, posteriormente deixando o local pela Antártida e sendo considerado louco por aqueles a quem conta sua história. A aventura é situada em 1829 e o interior da Terra é apresentado como uma espécie de Éden, habitado por uma raça avançada de gigantes capazes de viver por muitos anos, e que cultuam o “smoky god” do título, ou seja, o sol interior.

 

 


UNDER THE ANDES (1914)

Rex Stout.

Capa de P.J. Monahan (Frank A. Munsey/ 1914); capa de Kevin Eugene Johnson (Penzler Books/ 1985).

Publicado originalmente em The All-Story. Rex Stout ficaria mais conhecido pela criação do personagem do detetive Nero Wolfe, mas aqui segue na linha dos mundos perdidos, mais exatamente um mundo subterrâneo habitado por incas anões.
Apresenta a aventura de três pessoas em viagem ao Peru, quando elas caem em um rio subterrâneo e são capturadas pelos descendentes dos incas que conseguiram fugir dos espanhóis, 400 anos antes.

 


THE MOON POOL (1918)

Abraham Merritt.

The Conquest of the Moon Pool, capa de F. W. Small (Frank A. Munsey, 1919); The Moon Pool, capa de Lawrence (Altus Press/ 2017), reprodução da capa de Fantastic Novels Magazine (1948).

Publicado originalmente na revista All-Story Weekly como duas histórias: The Moon Pool (1918) e The Conquest of the Moon Pool (1919). Segundo explicam John Clute e Peter Nicholls, a história começa na ilha de Nan-Matal, no Pacífico Sul, em cujo subterrâneo existe uma lagoa onde é descoberta a existência de um monstro conhecido como o “shining one”, e posteriormente a história segue em direção a um complicado melodrama envolvendo um povo perdido, com o monstro em questão representando um curso alternativo de evolução.
Alguns pesquisadores dizem que a história e, particularmente, o monstro, serviram de inspiração a H.P. Lovecraft compor seu texto O Chamado de Cthulhu (no Brasil, no livro Um Sussurro nas Trevas. Mais sobre em O Mal e o Terror Absolutos). Igualmente, a ilha chamada Nan-Matal provavelmente é Nan Madol, realmente existente no Pacífico.


THE GREATEST ADVENTURE (1929)

John Taine.

Capa de Jack Perkins (E.P. Dutton/ 1929); capa de Lawrence, para a edição de Famous Fantastic Mysteries (All-Fiction Field, Inc./ 1944); capa de Ed Emshwiller (Ace Books/ 1960).

Pseudônimo de Eric Temple Bell, que teve dois livros com histórias de mundos perdidos antes desse (comentados em Mais Descobertas). Segundo Brian Stableford, além de ser uma história de mundo perdido, também faz parte de uma longa sequência do autor, conectada apenas tematicamente, que ele chamou de “romances mutacionais” envolvendo evolução rápida e incontrolável. Aqui, apresenta um mundo perdido abaixo da Antártida, local que contém esporos congelados que, quando ativados, irão cobrir a Terra com formas de vida incontroláveis.


THE SECRET PEOPLE (1935)

John Beynon.

Capa de Frank Frazetta (Lancer Books/ 1964); capa de Chris Foss (Coronet/ 1972); capa de Peter Elson (New English Library/ 1989).

Pseudônimo de John Wyndham. É o primeiro romance do autor inglês que se tornaria bastante conhecido na ficção científica. Trata-se de uma aventura situada no norte da África, em um futuro próximo, e voltada para o público juvenil. Um povo perdido degenerado é descoberto no subterrâneo do continente quando se elaboram planos para transformar o Saara em um lago.


 


HIDDEN WORLD (1935)

Stanton A. Coblentz.

Capa de Ric Binkley (Avalon Books/ 1957); capa de Ed Emshwiller (Airmont Books/ 1964).

Publicado originalmente em três partes na revista Wonder Stories com o título In Caverns Below. Segundo John Clute e David Langford, uma sátira situada em um ambiente subterrâneo, com descrições fascinantes, mas personagens mal desenvolvidos. Traz uma sociedade subterrânea existente abaixo dos Estados Unidos, com tecnologia mais avançada do que a da Terra da época.
A civilização subterrânea é dividida em dois governos distintos, Wu e Zu, que estão em guerra um com o outro há milhares de anos. Dois homens da superfície acabam chegando ao local depois de ficarem presos em uma caverna, e cada um vai parar em um dos reinos, conseguindo se destacar e, eventualmente, retornar à superfície.


SÉRIE ZANTHODON (1979-1982)

Lin Carter.
Série de livros situados no mundo subterrâneo de Zanthodon: Journey to the Underground World (1979); Zanthodon (1980); Hurok of the Stone Age (1981); Darya of the Bronze Age (1981); Eric of Zanthodon (1982).
Segundo John Clute, a intenção da série é nitidamente voltada para o humor, com a introdução de inúmeros personagens baseados em outros autores. Outros críticos citam entre as influências Júlio Verne, Edgar Rice Burroughs e seu mundo subterrâneo de Pelucidar, e Arthur Conan Doyle.
O mundo de Zanthodon localiza-se abaixo do deserto do Saara e é formado por uma imensa caverna com mais de 800 quilômetros de largura, a quase 200 quilômetros de profundidade. O primeiro livro apresenta o Professor Percival P. Potter e o aventureiro Eric Carstairs, que descem ao mundo perdido por um túnel vulcânico. Lá encontram animais pré-históricos e uma tribo de neandertais, além de alguns humanos, e nos livros seguintes continuam a enfrentar uma série de perigos e encontrar outros seres, humanos ou não.

Abaixo: Journey to the Underground World, capa de Josh Kirby (DAW Books/ 1979); Zanthodon, capa de Thomas Kidd (DAW Books/ 1980); Hurok of the Stone Age, capa de Josh Kirby (DAW Books/ 1981); Darya of the Bronze Age, capa de Josh Kirby (DAW Books/ 1981); Eric of Zanthodon, capa de Josh Kirby (DAW Books/ 1982).


THE PEOPLE BEYOND THE WALLS (1980)

Stephen Tall.

Capa de Gino D'Achille (DAW Books/ 1980).

Pseudônimo de Compton Newby Crook. A história apresenta um mundo perdido situado no subterrâneo de uma geleira no Alasca. A sociedade é uma utopia, mas é invadida por aventureiros.