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O ANTICRISTO, O FIM DOS TEMPOS E OUTRAS BATALHAS CONTRA O MAL

ESPECIAIS/VE DEMÔNIOS

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data13/06/2017
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O conceito da existência do Anticristo está definitivamente ligado ao Cristianismo. Às vezes, ele é visto como o falso profeta, o falso messias, e aquele que irá iniciar o “fim dos tempos”. Jesus Cristo deverá, então, retornar à Terra para combater o Anticristo, muitas vezes visto como o próprio Diabo. O Anticristo está, portanto, diretamente ligado à ideia do Fim dos Tempos, o Armagedom, e ao chamado “número da Besta”, o número 666, que indicaria a presença do Diabo, a Grande Besta citada no Apocalipse, de João, no Novo Testamento.
Na Idade Média, a ideia foi livremente aplicada pela Igreja como estratégia política contra seus inimigos, mas algumas vezes ela foi usada até mesmo contra a própria Igreja, como foi o caso com Martinho Lutero, que considerava o papado como sendo o Anticristo.
Independentemente de o conceito existir ou não na Bíblia – e existem inúmeras controvérsias a esse respeito, com questões sendo ainda hoje discutidas por especialistas e linguistas – o fato é que a ideia de um enviado do demônio, ou o próprio, surgir entre nós para provocar o fim da humanidade, tornou-se popular e passou a ser utilizada muitas vezes na literatura e no cinema de terror.
Um dos primeiros exemplos na ficção geralmente é atribuído ao filósofo e poeta russo Vladimir Soloviev (1853-1900), com seu livro Breve História Sobre o Anticristo (A Short Tale of the Antichrist, 1900. Editora Santa Cruz. Também publicado com o título Breve Conto Sobre o Anticristo, pela Editora Antroposófica). Trata-se de um conto futurístico no qual Japão e China unem-se para ameaçar a Europa, mas um líder, o Anticristo do título, consegue unir a Europa.
Porém, já em 1895, o escritor francês Alfred Jarry (1873-1907) já publicava seu Caesar Antichrist, que introduz o personagem que se tornaria mais famoso na peça Ubu Rei, do ano seguinte. O personagem Pai Ubu é apresentado como o Anticristo, mas com uma abordagem irônica.

Em 1907, foi a vez de Robert Hugh Benson (1871-1914) abordar o tema em O Senhor do Mundo (Lord of the World. Editora Ecclesiae). Benson era um religioso – anteriormente, um padre anglicano, depois, católico – que chegou a Monsenhor. Mas também se tornou conhecido como escritor de histórias de terror e ficção científica. Nesse livro, a história se passa no século 21, com o Partido Trabalhista já liderando a Inglaterra desde 1917, e o marxismo e o ateísmo dominando a cultura e a política, e as liberdades individuais não mais existindo. O nacionalismo também não mais existe, e o mundo está dividido em três blocos de poder. Mas o planeta está à beira de uma guerra mundial, situação que permite o surgimento e crescimento político de um jovem que se coloca contra qualquer tipo de espiritualidade, e que é identificado com o Anticristo.
 

Nos tempos modernos, é possível que a versão mais conhecida da história do Anticristo seja A Profecia (The Omen, 1976), filme dirigido por Richard Donner com roteiro de David Seltzer, que transformou o roteiro em livro.

O pequeno Damien, em A Profecia (Twentieth Century-Fox).

Tanto o filme quanto o livro são aterrorizantes, e o sucesso nas bilheterias, segundo diz o crítico Phil Hardy, confirma a importância crescente do cinema de terror nos anos 1970, com públicos cada vez maiores, seguindo na esteira do sucesso de O Exorcista (1973). Não se baseia tanto nos efeitos especiais, tanto que teve um orçamento bem menor do que O Exorcista. Contou com a presença dos atores veteranos Gregory Peck e Lee Remick, o casal Thorn, pais do menino Damien (Harvey Stephens), que nasce com o número 666 gravado no couro cabeludo e, desde criança, é protegido por um grupo de seguidores que sabe que ele é o Anticristo. Todos que ameacem sua existência morrem de forma violenta, até que o pai descobre o que realmente está acontecendo e que a única forma de matá-lo e evitar todo o mal que ele pode causar ao planeta é por meio de um ritual específico. A direção foi de Richard Donner, que vinha de uma carreira na televisão, inclusive no seriado Além da Imaginação, e depois do sucesso com A Profecia dedicou-se mais ao cinema.

Gregory Peck, tentando resolver o problema na marra; não conseguiu!

O resultado positivo, é claro, originou as sequências, cada uma inferior à anterior, começando com Damien – A Profecia 2 (Damien: Omen II, 1978), dessa vez com direção de Don Taylor e Jonathan Scott-Taylor como Damien, o capeta, agora com 13 anos de idade e vivendo com os tios, interpretados pelos veteranos William Holden e Lee Grant. Ele vai para uma academia militar e, enquanto cresce, começa a ter pleno conhecimento de quem é e do que deverá fazer no futuro. E as mortes e catástrofes continuam a ocorrer à sua volta, protegendo-o daqueles que tentam destruí-lo ou que representam algum tipo de ameaça.

O pequeno Anticristo, em Damien - A Profecia 2 (Twentieth Century-Fox).

A Profecia III – O Conflito Final (The Final Conflict) surgiu em 1981, com direção de Graham Baker, e com Sam Neill como Damien Thorn, o Anticristo, já adulto, tentando impedir que um grupo de monges acabe com sua vida.

A Profecia III - O Conflito Final (Twentieth Century-Fox).

A seguir surgiu A Profecia IV – O Despertar (Omen IV: The Awakening, 1991), produção feita para a TV, com direção de Jorge Montesi e Dominique Othenin-Girard. Damien está morto, mas os roteiristas criaram um plano maquiavélico e complicado para reviver a saga, imaginando que Damien deixou uma filha, adotada por um casal, e que na verdade é a protetora do verdadeiro Anticristo, nascido do mesmo casal a partir de um embrião implantado na mulher por um médico discípulo de Satã. Uma bobagem imensa e muito mal feita.
Em 2006, tentaram reviver a franquia com uma nova versão, A Profecia (The Omen), com direção de John Moore. É praticamente uma refilmagem e o filme até que foi bem nas bilheterias, mas não traz nada de novo à história. Claro que fizeram um grande lançamento internacional, no dia 6 de junho de 2006 (6/6/06), mas isso não resolve os problemas do filme.

 

Assim como O Exorcista deu origem a uma série de produções de terror em que o Diabo invadia corpos e precisava ser expulso, A Profecia também deu início a muitos filmes em que o Anticristo surge na Terra para iniciar o seu reinado. Foi assim com Exterminação 2000 (Holocaust 2000), produção ítalo-inglesa de 1978, com direção de Alberto De Martino e um elenco que contava com nada menos do que Kirk Douglas como o pai do Anticristo, curiosamente chamado Angel (Simon Ward).

Kirk Douglas, em Exterminação 2000 (Aston Film/ Embassy Pictures).

Mas nem mesmo Kirk Douglas consegue ajudar o filme. Ele interpreta um poderoso dono de empresa que resolve construir uma usina nuclear próximo de um local sagrado no Oriente Médio. Só que ele é avisado que seu filho é o Anticristo e pretende utilizar a usina para dar início ao final dos tempos. Curiosamente, Alberto De Martino tinha dirigido o filme O Anticristo, em 1974, que na verdade diz respeito a exorcismo. O incrível é que nem a música de Ennio Morricone funciona.
Outro que seguiu a linha do Anticristo foi A Classe do Demônio (Fear no Evil, 1981), dirigido pelo estreante Frank La Loggia, e um daqueles filmes que recebem críticas totalmente opostas. Para Phil Hardy, é um dos melhores filmes sobre possessão demoníaca desde O Bebê de Rosemary. Só que não é sobre possessão demoníaca, e sim sobre o Anticristo, que encarna na figura de Stefan Arngrim – para quem ainda se lembra, o jovem do seriado Terra de Gigantes.

A Classe do Demônio (LaLoggia Productions).

Ele é um estudante que, aos poucos, começa a perceber que tem imensos poderes sobrenaturais e que é, na verdade, o próprio capeta encarnado, sendo combatido na Terra por dois anjos também encarnados por aqui. Apesar dos efeitos especiais, o filme não é lá essas coisas.

Bem mais interessante do que todas essas propostas, e sem citar diretamente o Anticristo, é o livro de Stephen King, A Dança da Morte (The Stand, 1978), com seu personagem malévolo Randall Flagg, o diabo encarnado e responsável pela batalha entre o Bem e o Mal em nosso planeta. Ou, talvez, num planeta quase igual ao nosso, uma vez que Stephen King deixou aberta a possibilidade de que o ambiente do livro talvez seja o de uma Terra paralela. Como a história está conectada com a história do espetacular A Torre Negra, sabemos que existem muitas Terras.
Para quem ainda não conhece o livro, quase todas as pessoas são arrasadas pelo surgimento de um vírus desenvolvido num laboratório e que escapa, deixando alguns poucos sobreviventes que precisam se reorganizar e tentar entender o que aconteceu e qual sua missão nesse novo ambiente.
A maioria das histórias de ficção científica sobre hecatombes mundiais seguiria mais ou menos essa linha de acontecimentos, mostrando como os grupos de recuperam do desastre e partem para a próxima. Para Stephen King, isso parece não ser o suficiente. Para ele, depois do fim do mundo vem... o fim do mundo.
Mais tarde, críticos e fãs procuraram estabelecer uma relação entre o vírus impossível de ser detido e a AIDs, que só surgiria no mundo anos depois do livro ter sido escrito. Mas essa é apenas a relação mais evidente. Segundo o próprio autor, ele pretendia ir mais longe. Não apenas destruir a humanidade, mas fazer isso para dar a ela a oportunidade de reaprender a viver, reformular antigos valores e formas de conduta.
A nova oportunidade surge quando o mundo já foi despovoado pelo vírus, e é quando Stephen King inicia propriamente sua história de horror, colocando duas forças antagônicas no mundo e fazendo com que as pessoas inclinem-se para uma ou outra direção. As forças do Bem e do Mal são a representação final das mesmas forças que sempre existiram no mundo de antes da destruição. Só que, agora, o terreno está limpo, e as coisas mais claras.
As pessoas têm sonhos onde vêm a si mesmas optando por um ou outro lado, e seguem viagem para a cidade de Boulder, ou para Las Vegas, onde o ser que chama a si mesmo Randall Flagg reúne o que existe de pior em termos de maldade, governando pelo medo, tortura e assassinato, enquanto o grupo de Boulder reencontra o prazer de viver em sociedade, de ajudar uns aos outros. Randall Flagg não veio das profundezas do inferno, mas do próprio mundo. Seus poderes de transformação jamais são explicados, porque ele é o terror solto nesse mundo vazio.

Gary Sinise, na minissérie A Dança da Morte (Greengrass Productions/ Laurel Entertainment Inc.).

O autor disse que A Dança da Morte é um livro esperançoso, apenas mantendo, ao final, o enigma que gira em torno dos seres humanos. Acho mesmo que se poderia ir mais longe. O livro é a mais dura crítica de Stephen King à natureza humana, à capacidade dos seres humanos de se organizarem para o Mal, para a destruição compulsiva de valores que – nos momentos em que somos libertados da constante pressão exercida pela sociedade alucinada que erguemos –, sabemos serem os mais apropriados para nossa existência no planeta. Como tantos outros escritores antes e depois dele, King parece acreditar no ser humano, em sua bondade e simplicidade, em sua capacidade de tornar-se muito mais do que é agora. Mas também parece acreditar que tudo isso não tem a menor importância a partir do momento em que as pessoas se organizam, social, política e economicamente, seguindo os mesmos padrões que regem a sociedade atual. Na verdade, é isso o que começa a acontecer ao final do livro. O Mal absoluto foi eliminado, de certa forma por si mesmo, como se engolisse a si próprio. Mas o novo Mal começa novamente a ser construído pelas pessoas, já se dividindo em grupos políticos rivais, com interesses diferentes, e o maior sintoma de que as coisas vão pelo mesmo caminho é a necessidade que elas têm de organizar uma força policial.
Stephen King, em seu livro de ensaios Dança Macabra, disse que o final do livro mostra a “volta do equilíbrio”. Para ele, “o livro também tenta celebrar os aspectos mais positivos de nossas vidas: a simples coragem, o amor e a amizade, em um mundo que quase sempre se mostra tão desumano. A despeito de seu tema apocalíptico, A Dança da Morte é principalmente um livro esperançoso”.
O livro foi adaptado para uma minissérie de TV em 1994, com o mesmo título e direção de Mick Garris, com roteiro do próprio Stephen King. Dividida em quatro partes, a série tem 6 horas de duração e está entre as melhores adaptações de histórias do autor para o cinema e televisão.

Outra boa visão da batalha no final dos tempos é a de Anjos Rebeldes (The Prophecy. Também conhecido pelo título God’s Army, 1995), com Christopher Walken excelente como o anjo Gabriel. O filme não foi muito bem recebido pela crítica e, mesmo não tendo uma bilheteria expressiva, acabou se tornando um cult e ganhando muitos seguidores ao longo dos anos.

Eric Stoltz, em Anjos Rebeldes (First Look Pictures/ Dimension Films).

A ideia é que uma segunda guerra está ocorrendo entre os anjos, e já dura milhares de anos. Gabriel lidera um dos grupos, revoltado com o fato de Deus ter criado os humanos com alma e o direito de encontrar-se com Deus. Ele chama os humanos de macacos e estende a guerra à Terra, impedindo que as almas entrem no Paraíso. Simão (Eric Stoltz) também vêm para o planeta para combater Gabriel, e o próprio Lúcifer (Viggo Mortensen) interfere a favor da humanidade já que, segundo ele diz, não quer concorrência, e Gabriel está abrindo um novo Inferno.
O filme não tem grandes efeitos especiais, a não ser o trabalho de maquiagens, de modo que o impacto se concentra nas cenas bem elaboradas e tensas, e nas interpretações muito boas de um elenco que ainda inclui Virginia Madsen, Elias Koteas e Amanda Plummer.

Christopher Walken, o revoltado anjo Gabriel, e Amanda Plummer, sua nova aquisição.

Christopher Walken voltaria como Gabriel na sequência, Anjos Rebeldes 2 (The Prophecy II, 1997), com direção de Greg Spence. Gabriel estava no Inferno, mas Lúcifer o expulsa de lá, entendendo que o Inferno não é grande o bastante para os dois. Agora, Gabriel tem a missão de tentar impedir o nascimento de uma criança, um nefelim, fruto da união de um anjo com uma mulher humana, e que deverá ter o poder de acabar com a guerra entre os anjos. O filme é inferior ao original, mas ainda tem seus momentos.
Walken ainda voltaria em Anjos Rebeldes 3 – O Ascendente (The Prophecy 3: The Ascent, 2000), agora transformado em humano e gostando dos prazeres terrenos, mas outro anjo é enviado para destruir a humanidade. O filme foi produzido diretamente para o vídeo, como foi o seguinte, Profecia – A Guardiã do Destino (The Prophecy: Uprising, 2005); sabe-se lá por qual razão resolveram lançar no Brasil como “Profecia” e não manter os títulos anteriores, o que confunde com a série A Profecia. Também para vídeo foi o seguinte, Profecia: Renegados (The Prophecy: Forsaken, 2005), filmado ao mesmo tempo que o anterior, e de péssima qualidade.

Lembram de David Seltzer. Pois ele retornou ao tema com o roteiro de O Décimo Oitavo Anjo (The Eighteenth Angel, 1997), filme dirigido por William Bindley, mas que não chegou nem perto de alcançar o mesmo sucesso. O ator veterano Maximilian Schell interpreta um padre renegado que, interpretando algumas escrituras à sua própria maneira, prepara o retorno de Lúcifer ao planeta, pretendendo estabelecer seu domínio sobre nós. Para isso, ele precisa dos 18 anjos do título, ou seja, 18 crianças inocentes que irão construir o corpo terreno de Lúcifer, utilizando técnicas de engenharia genética desenvolvidas por um cientista que o padre contrata. Fraquíssimo.

 

Legião (Bold Films).

O filme Legião (Legion, 2010), dirigido por Scott Stewart, é outro que mostra os anjos como seres não tão bonzinhos como se imagina. Estranhamente, Legião sempre foi uma das denominações de Lúcifer, Satanás, ou como quer que se queira chamar o capeta. Aqui, não é o caso. Na verdade, o Diabo sequer dá as caras, e os malvados de plantão são os próprios anjos. O que aconteceu é que Deus perdeu a fé na humanidade e resolveu mandar sua legião de anjos para exterminar essa raça impura de imbecis, promovendo o Apocalipse e tudo mais que os anjos fodões podem fazer conosco. Portanto, trata-se daquele Deus estressado do Antigo Testamento. Mas o arcanjo Miguel diz que ainda não perdeu a fé e resolve “cair” à Terra, até mesmo cortando fora suas asas, armar-se e ajudar os humanos a enfrentar a invasão, comandada pelo arcanjo Gabriel.
Por algum motivo jamais esclarecido no filme, tudo depende do nascimento de uma criança; se ela nascer, estamos salvos; se não... E essa futura criança de pai desconhecido encontra-se na barriga de uma garçonete, numa lanchonete no meio de um daqueles desertos dos EUA. E é lá que ocorre o confronto. As imagens são legais; as aparições das pessoas controladas pelos anjos, esses malvados, e os próprios anjos, também são legais. Mas, afinal, não se sabe por que a criança era tão importante, e o filme se perde por aí.

 

Donald Pleasence e Victor Wong, padre e cientista enfrentando o Anticristo em O Príncipe das Sombras (Alive Films/ Larry Franco Productions).

Muito mais interessante é a versão de John Carpenter para o Anticristo, no sensacional Príncipe das Sombras (Prince of Darkness, 1987), filme que, na época de seu lançamento, foi bastante criticado, apesar de no ano seguinte ter vencido o Prêmio da Crítica no Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz. Na verdade, continua sendo bastante criticado hoje em dia, mas o melhor mesmo é assistir ao filme e tirar suas conclusões.
Carpenter apresentou uma combinação de ficção científica com terror, centrando sua história na intervenção de forças sobrenaturais em nosso planeta, tanto as forças do Bem, quanto as forças do Mal. Donald Pleasance interpreta um padre católico que, por acaso, descobre a existência de uma seita religiosa secreta dentro da Igreja, conhecida como A Irmandade do Sono. Essa seita mantém, no porão de uma igreja, um cilindro que contém o ser chamado “o príncipe das sombras”, uma entidade alienígena mantida prisioneira por sete milhões de anos, e que está iniciando seus movimentos para sair ao mundo e resgatar seu pai do antiuniverso no qual também tem sido mantido prisioneiro por milhões de anos.

          A prisão do Anticristo, em O Príncipe das Sombras.

O príncipe é o próprio Anticristo, vindo de um antiuniverso. Segundo um livro encontrado na mesma igreja e traduzido, Cristo era um enviado, filho de um extraterrestre, com a notícia de que os terrestres deveriam manter o cilindro bem guardado. O padre, então, chama um grupo de cientistas e um famoso físico para que estudem o objeto.
Os números encontrados no livro de dois mil anos de idade formam equações diferenciais que tentam explicar o que se passa no universo e no antiuniverso. Os cientistas instalam-se na igreja, abandonada e numa região meio barra pesada da cidade, e enquanto dormem recebem estranhas mensagens visuais do futuro – no caso, o ano de 1999, quando, segundo as profecias, o Mal se mostraria ao mundo para uma batalha final com as forças opostas.



MAIS ANTICRISTOS E FINAIS DOS TEMPOS



FILHO DO BEM, FILHO DO MAL (Child of Darkness, Child of Light, 1990)
Direção de Marina Sargenti.
Com Anthony John Dennison, Brad Davis, Paxton Whitehead.
Feito para TV. Refere-se a uma profecia da Igreja com relação a duas jovens virgens que estão grávidas. Uma dever carregar o filho de Deus, a outra, o filho de Satã, e não se sabe qual é qual. Fraquinho. (lançado no Brasil em VHS da CIC Video)

 

 

 

PROFECIAS DE SATÃ (The Prophecies, 1990)
Direção de Tom McLoughlin.
Com John D. Le May, Robey, Christopher Wiggins.
Lançado no Brasil em VHS da CIC, como um filme isolado. Na verdade, é um episódio da terceira temporada do seriado Loja do Terror (Friday the 13th: The Series, 1987-1990). Para complicar, a mesma CIC lançou em VHS outras seis fitas do seriado com o título Sexta Feira 13 – O Legado.
Aqui, as profecias de Satã são seis e estão contidas no Livro de Lúcifer, e a cidade de Marie-Mere, na França, está dominado por Astaroth. É para lá que vai o especialista em assuntos extrassensoriais, Marshak, que se envolve numa luta direta com o Mal.

 

A FÚRIA DOS ANJOS (Raging Angels, 1994)
Direção de Alan Smithee.
Com Sean Patrick Flanery, Diane Ladd, Monet Mazur.
O Mal tenta estabelecer seu território por meio das atividades políticas de um grupo que pretende a unificação mundial. Por trás deles, Moloch, o demônio. A impressão que se tem é que os produtores tinham sobrando uma criatura demoníaca e resolveram construir o filme em torno dela. Uma bobagem imensa e mal feita.

 

O DIA DA BESTA (El Dia de la Bestia, 1995)

O Dia da Besta (Canal+ España/ Iberoamericana Films Producción/ Sociedad General de Televisión).

Direção de Alex de la Iglesia.
Produção conjunta da Itália e Espanha. Um padre consegue desvendar os segredos contidos no livro do Apocalipse e desvendar a data real em que o Anticristo deverá chegar à Terra para instalar seu domínio de terror. Só que ninguém o leva a sério. Assim, ele resolve praticar uma série de maldades para poder ter acesso ao capeta. Conta com a ajuda de um punk e de um sujeito que apresenta um programa de araque na televisão, que ele e o punk mantêm como refém, obrigando-o a dar dicas de como fazer um ritual para atrair o demônio. Depois de muitas confusões, e não sem alguma dose de humor negro, eles conseguem derrotar o Mal, mas transformam-se em mendigos, sem nada mais que lhes pertença. Um filme estranho, com bons momentos, porém irregular.

 

GUERREIRO DO APOCALIPSE (The Minion, 1998)
Direção de Jean-Marc Piché.
Filme tenebroso com Dolph Lundgren, aproveitando o tema da “virada do milênio” e das profecias que prediziam o fim dos tempos para 1999. Apresenta um guerreiro do Templo dos Cavaleiros lutando contra os seres do Mal que estão de posse de uma chave que pode abrir as portas do Inferno, dando início ao Armagedom.

 

 

FIM DOS DIAS (End of Days, 1999)
Direção de Peter Hyams.
Como tinha um fortão no filme acima, colocaram Arnold Schwarzenegger para estrelar nesse, também bem fraquinho. Nos últimos dias de 1999, o Diabo (Gabriel Byrne) está em Nova York à procura de uma jovem que ele precisa engravidar, de qualquer jeito, antes da virada do ano, pois só assim o mundo passará a ser controlado pelas forças do Inferno. Imensa bobagem, ao custo de 100 milhões de dólares. Quando os caras resolvem gastar, eles gastam mesmo, não importa como.

 

 

OMEGA CODE (The Omega Code, 1999)
Direção de Robert Marcarelli.
Outro filme horroroso, com Michael York perdidão como o Anticristo tentando dominar o planeta desvendando um código secreto da Torá. Casper Van Dien é o candidato a herói, tentando deter o malvadão e evitar o Armagedom.


 

 

MEGIDDO (Megiddo: The Omega Code 2, 2001)
Direção de Brian Trenchard-Smith.
Qual é o problema de Michael York? Qual o problema dos produtores desses filmes? Não bastava a primeira coisa ruim, fizeram outra. O Anticristo continua seus planos para acabar com tudo.
 

FILHA DA LUZ (Bless the Child)

(Paramount Pictures).

Direção de Chuck Russell.
Apesar de bons nomes no elenco, como Kim Basinger, Jimmy Smits, Rufus Sewell, e Christina Ricci, o filme é fraco. Basinger é a mulher que cuida da filha de sua irmã, que deixa a criança com ela. Só que a criança é um avatar, uma espécie de Cristo que retorna ao planeta. Quando ela fica mais velha, um grupo de malvados de plantão comandados por Rufus Sewell, com relação direta com Satã, começa a procurar e matar as crianças que nasceram no mesmo dia que a menina; a ideia é usá-la, com seus poderes e carisma, para propagar o mal no planeta. Mas também existem alguns anjos que fazem de tudo para protegê-la, assim como um detetive do FBI (Smits).
 

O FILHO DE ROSEMARY (Son of Rosemary, 1997. Editora Record)
Ira Levin.
Sequência de O Bebê de Rosemary. A história inicia em 1999, com Rosemary recuperando-se de um coma no qual estava desde 1973, devido a um feitiço lançado pelos integrantes do grupo demoníaco responsável por sua gravidez. Ela se recupera e encontra o filho, agora com 36 anos e internacionalmente conhecido como o líder de uma organização que, segundo ele, procura levar a paz ao mundo inteiro, ainda que Rosemary comece a desconfiar que as coisas não são bem como ele diz e que, de fato, ele pode ser o Anticristo.
 

 

POINT PLEASANT (2005)
Seriado da 20th Century Fox Television, criado por John J. McLaughlin e Marti Noxon, que foi cancelada após 13 episódios. A história se passa em Point Pleasant, cidade litorânea onde, após uma tempestade, surge uma garota na praia. Sem saber quem é, ela passa a ser cuidada por uma família. Mas, adivinhem? Acontece que ela é o Anticristo.
 


 

DEIXADOS PARA TRÁS (Left Behind. Editora Hagnos)
Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins.
Série de livros que ficaram conhecidos como “ficção religiosa”, seguindo a corrente “dispensacionalista” que entende que o arrebatamento, a segundo vinda de Cristo, será um advento real no mundo físico. O Anticristo é Nicolae Carpathia, líder da organização Global Community, sendo combatido pelo Comando Tribulação.
Os livros foram escritos para atenderem o mercado de massa e muitos deles chegaram a atingir o topo das listas de mais vendidos. Diz-se que o total de exemplares vendidos no mundo chegou a 65 milhões, mas as críticas foram imensas, inclusive de organizações religiosas cristãs.
Foram produzidas adaptações para o cinema: Deixados Para Trás (Left Behind, 2000); Deixados Para Trás II: Comando Tribulação (Left Behind II: Tribulation Force, 2002); Deixados Para Trás III: Mundo em Guerra (Left Behind III: World at War, 2005); e ainda O Apocalipse (Left Behind, 2014), com Nicolas Cage.
 

BELAS MALDIÇÕES (Good Omens), de Neil Gaiman e Terry Pratchett.
 

MARIONETAS CÓSMICAS (The Cosmic Puppets), de Philip K. Dick.
 

O DEMÔNIO DE GÓLGOTA (Golgota Falls), de Frank De Felitta.
 

MILLENIUM (Millenium)
 

A BATALHA DO APOCALIPSE, de Eduardo Spohr.