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ROBOPOCALIPSE

Livros/Lançamentos

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data07/10/2017
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O best-seller de Daniel H. Wilson chega ao Brasil, narrando a batalha entre humanos e máquinas.

Se alguma vez os seres humanos conseguirem desenvolver a inteligência artificial, e se essa inteligência chegar à conclusão de que os humanos não são mais necessários ao planeta e resolver se livrar deles, pode muito bem ser que as coisas aconteçam da maneira como Daniel H. Wilson descreve em Robopocalipse, ou pelo menos próximo disso.
Como o título indica, existe um confronto entre humanos e máquinas e, claro, existem atos heroicos em abundância, além de uma visão um tanto otimista de como as coisas podem acabar. Afinal, o livro foi negociado para o cinema antes mesmo de ter seu acordo fechado para publicação, e com ninguém menos do que Steven Spielberg.
Mas nada disso depõe contra o prazer da leitura. No caso da edição brasileira, ela traz na capa uma citação de alguém famoso, o que já se tornou comum em publicações no mundo inteiro, como uma forma de dar mais credibilidade à história. E isso acontece com livros até mesmo de escritores mais famosos do que Wilson. Em Robopocalipse, vemos a citação de ninguém menos do que Stephen King, e é apenas uma palavra: “Incrível”. Não sei se Stephen King não tinha mais nada para dizer, se ele ficou sem palavras ou se o acordo só cobria uma palavra.
Seja como for, a história funciona e prende. É o que os americanos gostam de chamar de “page-turner”, um livro que você não consegue parar de ler. E já sabemos, desde o início do livro, que uma guerra mundial e violenta ocorreu entre humanos e robôs. A guerra terminou recentemente, ou pelo menos é o que parece, mas a história ainda tem de ser contada.
A forma que Daniel H. Wilson encontrou para narrar o conflito tem raízes em algumas das mais antigas e consagradas estruturas narrativas da literatura fantástica. Apresenta a evolução dos eventos a partir de documentos que, aos poucos, vão compondo o ambiente. Existe um narrador e comentarista central, Cormac Wallace, um dos combatentes humanos, que reúne depoimentos – de humanos e de robôs – transcrições de gravações de áudio e vídeo, fotos, filmagens de câmeras de segurança e o que mais puder encontrar, para dar um sentido ao que aconteceu, para saber como começou e como se desenvolveu a inteligência da máquina.
A inteligência em questão assume o nome de Archos, desenvolvida por um cientista em um laboratório que deveria ser à prova de contato com o exterior, mas que não era tanto assim, como Archos prova ao tomar conta das máquinas do planeta. Ele decide que a era dos humanos no planeta está encerrada; segundo ele explica ao seu criador, toda a história da evolução humana no planeta teve como objetivo atingir o momento em que seria possível criar uma inteligência como Archos. Então, era o momento da humanidade ceder seu lugar.
Certamente, não é uma ideia nova na ficção científica. Os exemplos de livros e filmes em que as máquinas se rebelam, com níveis variados de violência e de competência, são inúmeros. Mas Wilson consegue dar conta do recado.