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Guerra Sem Fim

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autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data01/01/2009
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Tido por alguns especialistas como o melhor livro de guerra no futuro, Guerra Sem Fim tem uma adaptação para o cinema prevista para breve, por Ridley Scott.

Guerra Sem Fim (The Forever War) – 1974, Joe Haldeman. Ed. Landscape (2009), 303 páginas.
Muito já foi dito e escrito a respeito deste livro de Joe Haldeman, e mais ainda deve surgir na imprensa, uma vez que a história está sendo desenvolvida para o cinema por ninguém menos que Ridley Scott, que não havia dirigido nenhuma ficção científica desde Blade Runner, em 1982.
É apontado por alguns críticos como a melhor história de uma guerra no futuro jamais escrita, e algumas vezes comparado com o horrendo e famoso livro de Robert A. Heinlein, Tropas Estelares (Starship Troopers, 1959. GRD), um dos piores livros de fc que já tive o desprazer de ler, com nítidas inclinações fascistas e militaristas de extrema direita.
Alguns chegaram a afirmar que o livro de Haldeman era uma "resposta" ao de Heinlein, mas o autor não parece ver a questão dessa forma. Ele segue a história de um conflito alucinado entre terráqueos e uma raça desconhecida, chamada apenas de "taurianos", uma vez que o primeiro contato com os alienígenas aconteceu perto de Aldebarã, na constelação de Touro, e como era muito complicado chamá-los de aldebaranos, optaram pelo outro termo.
O problema é que como as viagens espaciais para entrar em combate com o inimigo ocorrem através de colapsares, o tempo passa diferente para os viajantes, de modo que a Terra "envelhece" mais rápido que eles. Cada vez que recebem a permissão de retornar após algumas missões, encontram o planeta completamente transformado, às vezes a ponto deles não mais se encaixarem na sociedade.
Diz-se que grande parte da obra foi inspirada pela própria participação do autor na Guerra do Vietnã. A desorientação que os combatentes experimentam ao retornar a seus lares e encontrarem uma sociedade transformada poderia ser comparada àquela que os combatentes do Vietnã encontravam ao voltar aos EUA.
A ação é por vezes absurda; nem soldados, nem comandantes parecem saber muito bem o que devem fazer, qual será o próximo passo, ou quem são os taurianos, o que pretendem ou porque a guerra começou. E como os inimigos também viajam pelo espaço usando os colapsares, para eles o tempo também passa de forma diferente; assim, o avanço tecnológico pode significar muito ou nada, uma vez que uma nova arma, recém instalada nas naves, já pode estar centenas ou milhares de anos atrasada.
Já se disse que uma das diferenças entre o livro de Heinlein e o de Haldeman está no fato de que os soldados de Tropas Estelares serem voluntários, enquanto os de Haldeman são alistados obrigatoriamente, o que é uma bobagem e um detalhe menor dos livros; e quem leu a obra de Heinlein sabe que os "voluntários" eram os únicos habitantes do planeta que tinham a chamada "cidadania", ou seja, tinham mais direitos do que os "covardes" que não se alistavam. Seja como for, enquanto um, de certa forma, glorifica a guerra, o outro, Haldeman, apresenta-a em toda sua falta absoluta de sentido. E o final do conflito é um exemplo típico dessa postura.
Uma boa leitura.