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Arthur C. Clarke e os Senhores Supremos

Livros/Lançamentos

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data01/01/2010
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O Fim da Infância é um dos melhores livros de Arthur C. Clarke, com história situada num futuro longínquo, no momento em que seres extraterrestres chegam à Terra e passam a agir em nosso interesse.

Arthur C. Clarke e os Senhores Supremos

Excelente escolha da Editora Aleph ao relançar O Fim da Infância, um dos grandes clássicos da ficção científica e entre os melhores trabalhos de Arthur C. Clarke. O livro estava fora do mercado brasileiro há cerca de 30 anos, e é um daqueles não pode deixar de ser lido por quem se interessa pelo gênero. O livro foi escrito a partir de um conto publicado em 1950 na revista New Worlds.
A história gira em torno da chegada e atuação de seres alienígenas em nosso planeta, os Senhores Supremos, que surgem num momento delicado de nossa história e começam a agir de forma benéfica, propiciando um desenvolvimento sem paralelo. Afirmam que estão agindo a mando de uma inteligência ainda superior à deles, e jamais se mostram; apenas mais tarde, quando a humanidade já atingiu um determinado nível de desenvolvimento, é que eles vão aparecer em carne e osso para os humanos, e seu surgimento é uma surpresa. Até então, todas suas atitudes são elaboradas para ter o efeito psicologicamente correto nos humanos, para atingirem seus objetivos, que estão longe de ser o que os humanos imaginam.
São poucas as histórias de ficção científica que conseguem lidar com o conceito da existência de um ser de proporções cósmicas – algo que pode ser comparado à nossa ideia atual de Deus – sem cair no exagero, no misticismo ou em clichês. Clarke sempre soube manter-se equilibrado, trafegando com habilidade em uma linha muito estreita entre a especulação científica e a religião.
Ao mesmo tempo, segue um tema que surge frequentemente no gênero, que é o da perda da individualidade. É comum – quando se fala da evolução possível para os seres humanos terrestres nas especulações da ficção científica –, referir-se ao tipo de evolução que levaria os humanos a uma vida imaterial, em que a noção de individualidade não existe. Mas Arthur Clarke apresenta a ideia com naturalidade, sem desenvolver personagens histéricos, mas apenas pasmos diante de um universo que não compreendem.

O Fim da Infância (Childhood's End, 1953)
Arthur C. Clarke
Editora Aleph, 320 páginas