A colaboração entre os dois escritores foi, geralmente, mal recebida pela crítica, mas apresenta de forma surrealista e interessante algumas das principais ideias de PKD acerca da religião. O cenário escolhido foi o de um mundo futuro arrasado por uma guerra que deixou poucos sobreviventes, alguns deles mutantes. Nesse ambiente surgiu uma nova religião que tem como mestre “o deus da fúria”, aquele que trouxe a destruição. A noção básica de PKD é de que o mundo não foi salvo e que o deus bom jamais esteve no controle das ações, conceitos que têm relação com o gnosticismo e também foram exploradas em livros como A Invasão Divina e Valis, com os quais compõe uma espécie de trilogia. São, talvez, os três livros de leitura mais densa e complicada em toda a obra de PKD, uma vez que estão recheadas de referências religiosas e históricas, de simbolismos difíceis de serem entendidos e interpretados por quem não estiver acostumado ao universo do autor. Ao contrário do que a crítica costuma apregoar, trata-se de um livro excepcional, muito bem completado por RZ.

(Capa: A. Pedro)