Livros

Mortos Vivos, Os (Ghost Story) – 1979, Peter Straub. Nova Cultural (1987), 533 páginas.

Apesar da infeliz tradução do título para o português, trata-se de um dos grandes romances de terror moderno, o melhor livro de um dos maiores escritores do gênero. Stephen King, num longo comentário sobre o livro, comparou-o ao sensacional A Assombração da Casa da Colina, de Shirley Jackson, ainda que a forma narrativa dos dois seja bastante diferente. Assemelham-se no sentido de que nada do que é apresentado é exatamente aquilo que aparenta ser, num jogo entre real e imaginário raras vezes apresentado com tanta capacidade. Por outro lado, reúne algumas das imagens mais fortes da literatura de terror, com cenas explícitas fortíssimas, mas em que a sensação de sonho, delírio e ilusão está constantemente presente. Paralelamente, PS conseguiu elaborar um panorama dos terrores contemporâneos aliado a críticas bastante profundas a um tipo de sociedade conservadora dos EUA, com penetração nos motivos psicológicos por trás da história contada. Na verdade, existem inúmeras histórias de fantasmas ao longo do livro, cada personagem com seus próprios. Numa pequena cidade do estado de Nova York, um grupo de homens de idade reúne-se constantemente para contar suas histórias, cada vez mais tenebrosas; eles percebem que as coisas não estão indo muito bem quando mortes violentas e inexplicáveis começam a ocorrer. Os acontecimentos seguintes envolvem revelações que têm a ver com seu passado, nos anos 1920, mas também com uma entidade maléfica, destruidora e vingativa, capaz de assumir diversas formas e penetrar na mente das pessoas, em seus mais íntimos conhecimentos, e que retorna à cidade. Um livro indispensável para quem deseja conhecer o terror moderno em seus melhores e mais bem elaborados momentos. Foi filmado por John Irvin em 1982, com o título História de Fantasmas (Ghost Story), simplificando em muito a história original de PS.